Portugal registou perto de mil casamentos forçados nos últimos oito anos

Apesar de o casamento infantil ser considerado “um fenómeno muitas vezes invisível”, um estudo conduzido por 48 organizações em Portugal revelou que, entre 2015 e 2023, foram identificados cerca de 836 casos de casamentos infantis, precoces ou forçados no país - número que voltou a aumentar após a pandemia.

© D.R.

Estes dados constam do ‘Livro Branco: Recomendações para Prevenir e Combater o Casamento Infantil, Precoce e/ou Forçado’, que analisa, detalhadamente, o problema e sugere políticas e medidas para o erradicar, avança o jornal Público.

Segundo a legislação portuguesa, a idade mínima para casar é de 16 anos, sendo necessária a autorização dos progenitores, tutores legais ou, em alguns casos, do conservador do registo civil.

De acordo com o Código Civil português, o casamento leva à emancipação legal do menor, que passa a ser considerado maior de idade aos 16 anos, mas, mesmo assim, continua a ser obrigado a frequentar a escola. No entanto, “esta condição legal tem-se mostrado insuficiente para travar os casos de casamentos envolvendo menores”.

A maior parte dos nubentes encontrava-se entre os 15 e os 18 anos, havendo ainda o registo de 126 casos de crianças com idades entre os 10 e os 14 anos e 346 menores entre os 15 e os 16 anos, demonstrando que o fenómeno é mais abrangente do que aparenta.

Por distritos, Lisboa surge com o maior número de casos, a registar cerca de 246 casamentos, seguida de Castelo Branco (239) e Beja (155).

O estudo salienta ainda que este fenómeno, que afeta sobretudo raparigas, representa “uma ameaça ao desenvolvimento e aos direitos fundamentais das menores”.

O Livro Branco alerta para as consequências associadas ao casamento infantil, que incluem não apenas o abandono escolar, mas também a gravidez precoce e o isolamento social – fatores que limitam severamente as oportunidades e o futuro destas jovens.

“Esta é uma violação dos direitos humanos gravíssima. Estamos a falar raparigas a quem é retirado o direito à infância e adolescência porque são obrigadas a casar e a abandonar a escola. Depois engravidam e o seu desenvolvimento é posto em causa”, afirmou Francisca Magano, diretora de Políticas de Infância e Juventude na UNICEF Portugal.

De acordo com o relatório, estas uniões são frequentemente impulsionadas pelos próprios familiares, especialmente em contextos onde há fortes tradições culturais e religiosas que valorizam o casamento precoce, como uma forma de preservar laços dentro do mesmo grupo étnico ou religioso. Estima-se que pelo menos 374 destes casamentos estejam ligados a esse tipo de pressão cultural.

“Estas situações acabam por se diluir e o casamento acaba por não ficar identificado. Este acaba por ficar invisível para a estatística, mas não é invisível na vida de uma criança”, acrescenta a presidente do Instituto de Apoio à Criança (IAC).

Últimas do País

A Marinha e a Autoridade Marítima Nacional alertaram hoje para um "agravamento considerável" da agitação marítima nos Açores a partir da madrugada de domingo e até às 18h00 de segunda, com ondas de 12 metros.
A Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria ativou o nível 1 do Plano de Contingência Saúde Sazonal - Módulo Inverno devido ao aumento da procura dos serviços e à necessidade de reforçar a resposta.
A depressão Davide vai afetar a partir de hoje a costa ocidental de Portugal continental com agitação marítima forte, em particular a norte do Cabo da Roca, tendo já sido emitidos avisos, segundo o IPMA.
A decisão do Agrupamento de Escolas José Maria dos Santos, em Pinhal Novo, de remover completamente quaisquer elementos natalícios das fotografias escolares deste ano está a gerar forte contestação entre muitos encarregados de educação, que consideram a medida desproporcionada, injustificada e prejudicial para a tradição celebrada pela maioria das famílias.
Os Técnicos de Emergência Pré-hospitalar decidiram hoje que vão aderir à greve geral agendada para 11 de dezembro, disse à Lusa fonte sindical.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve dois homens no concelho da Guarda, por suspeitas do crime de passagem de moeda falsa. Com eles tinham 505 mil euros em notas falsas.
A União Europeia (UE) registou, em 2024, 8.343 incêndios florestais, um valor quatro vezes superior à média de 17 anos e Portugal foi um dos países mais afetados, segundo dados hoje divulgados pela Comissão Europeia.
Quatro serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia vão estar fechados no sábado, enquanto no domingo estarão encerradas três urgências obstétricas, segundo o Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) anunciou hoje que vai aderir à greve geral marcada para 11 de dezembro, por considerar que o anteprojeto de reforma laboral do Governo fragiliza os profissionais e restantes trabalhadores.
A bebé de quatro meses que regressou na quinta-feira ao final da tarde ao hospital de Gaia, após ser entregue na GNR dos Carvalhos, já se encontra numa instituição, revelou hoje à Lusa fonte hospitalar.