Relação decide 2.ª feira sobre recursos de bancos condenados no ‘cartel da banca’

O Tribunal da Relação de Lisboa decide na próxima segunda-feira sobre os recursos apresentados pelos bancos condenados no caso que ficou conhecido como 'cartel da banca'.

© D.R.

Em setembro do ano passado, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão confirmou as coimas de 225 milhões de euros a 11 bancos, decidindo que ficou provado que, entre 2002 e 2013, houve “conluio” entre os bancos quando trocaram informações sobre créditos (‘spreads’ e montantes concedidos) e que “alinharam práticas comerciais” falseando a concorrência.

As maiores coimas foram para Caixa Geral de Depósitos (82 milhões de euros), BCP (60 milhões de euros), Santander Totta (35,65 milhões), BPI (30 milhões) e Montepio (13 milhões). Foram ainda condenados BBVA (2,5 milhões), BES (hoje em liquidação, 700.000 euros), BIC (por factos praticados pelo BPN, 500.000 euros), Crédito Agrícola (350.000 euros) e Union de Créditos Inmobiliarios (150.000 euros).

Este caso partiu de uma denúncia do Barclays que levou a Autoridade da Concorrência a uma investigação, iniciada em 2013, e que terminou com o regulador a multar os bancos. Como 11 não concordaram com as condenações, foram para tribunal (para julgamento de recurso) e em setembro passado as multas da Autoridade da Concorrência foram confirmadas em primeira instância.

Contudo, os bancos podiam ainda recorrer para a instância seguinte (o Tribunal da Relação) e todos o fizeram.

Nos recursos, o principal argumento da banca é que o caso já prescreveu. Já Autoridade da Concorrência e o Ministério Público rejeitam este argumento.

Em 24 de janeiro, no Tribunal da Relação de Lisboa, decorreram as audiências dos cinco bancos que solicitaram alegações verbais – BCP, Santander, BPI, Banco Montepio e Crédito Agrícola. Agora, na segunda-feira será conhecida a decisão.

O Tribunal da Relação de Lisboa disse à Lusa que foi designada “a data de 10 de fevereiro para prolação” do acórdão e que não haverá lugar à leitura do acórdão.

Na sentença de setembro passado, a que a Lusa teve acesso, o Tribunal da Concorrência criticou os bancos pela ausência de medidas reparadoras e falta de autocrítica e considerou que essa falta de crítica para com comportamentos errados por parte dos bancos “intensifica as necessidades de prevenção, geral e especial” e que uma das suas preocupações é precisamente a “interiorização da gravidade da conduta” pelos bancos. Considerou, por isso, que as coimas podem contribuir para que essas práticas não se repitam.

Disse ainda o tribunal que o facto de os bancos terem feito conluio no crédito à habitação tornou especialmente graves as infrações por este ser um mercado crítico dada a importância histórica e cultural deste empréstimo em Portugal (70% da riqueza das famílias portuguesas é habitação).

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) defendeu, em outubro, que práticas como as que levaram a coimas no processo conhecido como ‘cartel da banca’ são relativas a um “passado distante” e não há risco de se repetirem.

À Lusa, Vítor Bento recordou que os factos aconteceram há muitos anos e disse que “nada têm que ver com o presente” e “não há sequer qualquer risco de repetição desse tipo de cenário”.

A decisão do Tribunal da Relação, que será conhecida na segunda-feira, pode não ser a última. Pode haver recursos com alegações de inconstitucionalidades junto do Tribunal Constitucional.

Últimas do País

As burlas foram responsáveis no ano passado por um prejuízo patrimonial superior a 65 milhões de euros, menos 41% face a 2023, uma diminuição que acompanha o decréscimo das denúncias deste tipo de crime em 2024, revela a PSP.
Recusou abandonar o hospital após alta clínica, intimidou profissionais de saúde e chegou a exigir casa e cirurgia inexistente. O caso arrastou-se durante meio ano no Hospital Amadora-Sintra e só terminou com intervenção policial.
A PSP deteve nos últimos dias no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, três cidadãos estrangeiros procurados internacionalmente por crimes sexuais, fraudes e burlas transnacionais, e captação indevida de depósitos, anunciou esta sexta-feira a força de segurança.
Portugal registou um aumento de infeções respiratórias graves, sobretudo nos maiores de 65 anos, e excesso de mortalidade na região Norte em pessoas de 75 a 84 anos, revelam dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).
Agentes da PSP foram alvo de apedrejamento no Bairro da Cova da Moura, depois de tentarem intercetar uma viatura em fuga. Os suspeitos escaparam, mas deixaram para trás indícios de crime.
Dezenas de repartições de Finanças estão encerradas durante a manhã de hoje, até às 13h, e outras enfrentam constrangimentos no atendimento, enquanto decorre uma reunião ‘online’ de trabalhadores da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) para discutir reivindicações salariais e laborais.
Uma mulher de 60 anos foi constituída arguida pela GNR por utilização indevida de cartão bancário na aquisição de vários bens, num valor superior a 3 mil euros, no concelho do Sabugal.
O segundo dia de greve dos trabalhadores da função pública estava às 09:00 de hoje a ter uma adesão elevada, com 75% na educação e 90% nas cantinas das universidades e politécnicos, disse à Lusa fonte sindical.
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentaram hoje de manhã tempos de espera que rondava as 12 horas para a primeira observação, segundo dados do portal do SNS.
O desaparecimento de uma bebé no Hospital de Gaia não mostrou apenas uma falha de segurança: revelou um mercado milionário sem escrutínio, contratos feitos à porta fechada e sistemas supostamente infalíveis que afinal podem ser contornados.