Maioria dos universitários do Porto pondera emigrar após terminar o curso

A maioria dos estudantes do ensino superior da academia do Porto inscritos em 2023/2024 ponderam emigrar após a conclusão do curso para países com maior nível salarial, como Reino Unido ou Suíça, segundo um estudo hoje revelado.

© DR

Os principais destinos para os quais os estudantes do ensino superior ponderam emigrar são o “Reino Unido, Suíça, Países Baixos, Alemanha e Luxemburgo”, conclui um estudo do Centro de Estudos da Federação Académica do Porto (CEFAP) a que a Lusa teve hoje acesso.

Os dados recolhidos pelo CEFAP indicam que mais de 73% dos estudantes inscritos em instituições do Ensino Superior da academia do Porto inscritos no ano letivo 2023/2024 “ponderam emigrar após a conclusão do Ensino Superior para países com maior nível salarial, resultando numa potencial perda líquida de 95 mil milhões de euros para o país”.

A amostra teve um total de 375 estudantes e tem uma margem de erro de 5%.

Quase 25% dos estudantes inquiridos tinham a decisão de emigrar tomada e apenas 10% assumiram que iriam permanecer em Portugal.

A maioria dos inquiridos pertencem à chamada classe média.

Os resultados obtidos não diferem com o ciclo de estudos, embora seja mais notória a vontade de emigrar nos estudantes de mestrado.

Com estes dados, a FAP considera que “Portugal corre o risco de perder dois mil milhões de euros por ano com a emigração jovem qualificada”.

O presidente da FAP, Francisco Fernandes, sublinha que a tendência da emigração qualificada verificada nos últimos anos é confirmada com o estudo do CEFAP.

“Estes dados, que confirmam a tendência, foram partilhados com o Governo e partidos políticos de forma que, juntos, se chegue a um pacto de regime e se comece a pensar na mudança e em como reter o talento no nosso país”, declarou Francisco Porto Fernandes, destacando que a “sangria de talento em Portugal terá um impacto muito negativo no país e na economia, quer pela quantidade total de potenciais saídas, quer pela duração da ausência do país”.

O estudo conclui que 36% dos estudantes aponta para uma saída de médio prazo, ou seja, entre cinco a 10 anos, e quase 30% esperam emigrar por um longo período de tempo, ou seja, de mais de 10 anos.

Apenas 33% pretendem sair por um curto período de tempo, equivalente a menos de cinco anos.

As principais razões dos estudantes para emigrarem são a busca por “melhoria dos níveis salariais e de outras condições de vida”, bem como a “possibilidade de encontrar melhores oportunidades profissionais e de carreira”, ou seja, são razões de natureza económica, associadas ao funcionamento do mercado de trabalho e da economia de Portugal.

Com base no estudo do CEFAP, a FAP avisa que Portugal “pode ter uma perda orçamental líquida de cerca de 2,1 mil milhões de euros, por ano, com a emigração de jovens qualificados”.

A provável emigração de 320 mil jovens desta geração – os tais 73% dos estudantes da academia do Porto que consideraram provável emigrar – pode vir a resultar em “perdas líquidas de mais de 95 mil milhões de euros para a economia portuguesa, ao longo de 45 ano, ou seja, cerca de 2,1 mil milhões de euros/ano, incluindo 45 mil milhões em receita de IRS, 7 mil milhões em impostos indiretos e 61 mil milhões em contribuições líquidas para a Segurança Social”, alerta a FAP.

“O facto de mais de metade dos estudantes querer emigrar vai gerar um país mais pobre, menos inovador, mais envelhecido e com grandes dificuldades ao nível das contas públicas. O impacto irá notar-se a nível demográfico, com o envelhecimento da população, que acentuará o impacto negativo nos domínios da inovação e do empreendedorismo e poderá levantar problemas adicionais à sustentabilidade da Segurança Social”, acrescenta.

Entre o total de inquiridos, 72% são do sexo feminino e 26% do sexo masculino, 77% são estudantes, 18% trabalhador-estudante, 4% trabalhadores e 1% desempregados.

Últimas do País

A área ardida este ano quase que triplicou em relação ao mesmo período de 2024 e o número de incêndios rurais aumentou 68%, segundo as estatísticas do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR).
O Tribunal de Coimbra condenou hoje quatro de nove arguidos acusados de tráfico de drogas, entre 2021 e 2023, a penas efetivas de prisão, entre cinco e sete anos.
A discussão da lei sobre violência obstétrica baixou hoje à especialidade sem votação, na sequência da aprovação de dois requerimentos para debater os projetos de lei do CDS-PP e do Livre.
O Parlamento aprovou hoje a criação de uma comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas e de gestão do INEM nos últimos anos, na sequência de uma proposta apresentada pela bancada da Iniciativa Liberal (IL).
Seis urgências vão estar encerradas no sábado e sete no domingo, sendo uma de Pediatria e as restantes de Ginecologia e Obstetrícia, indica o Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) consultado pela Lusa às 12:00 de hoje.
Quarenta e nove pessoas foram detidas em Portugal e Espanha numa operação de combate ao narcotráfico da GNR com a cooperação da Guardia Civil espanhola, na qual também foram apreendidas 18 lanchas no valor de oito milhões de euros, foi hoje revelado.
Um homem residente em Sintra ficou em prisão preventiva por decisão judicial, por estar "fortemente indiciado" por 15 crimes de abuso sexual da sua enteada, na residência familiar, informou hoje o Ministério Público (MP).
A Polícia Judiciária (PJ) deteve três suspeitos de roubar e sequestrar, com recurso a arma de fogo, um homem de 55 anos em Palmeira, Braga, foi hoje anunciado.
O cidadão argentino evadido de Vale de Judeus e recapturado em fevereiro no sul de Espanha, Rodolfo Lohrmann, foi hoje entregue à Polícia Judiciária (PJ), estando já na prisão de alta segurança de Monsanto, adiantou esta polícia.
A falta de climatização em vários serviços do Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia, levou hoje o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses a reivindicar a resolução do problema para evitar a "proliferação de infeções".