“A insistência de alguns governos abusivos em encetar negociações não tem como objetivo resolver problemas, mas sim impor o seu domínio e impor as suas exigências”, disse Khamenei, no que foi entendido como uma resposta aos apelos de Donald Trump para negociações.
“A República Islâmica do Irão não aceitará as suas exigências”, acrescentou a principal autoridade política e religiosa do Irão, numa reunião em Teerão com altos funcionários do Governo iraniano.
Khamenei criticou também o que apelidou de “duplicidade de critérios” do Ocidente e afirmou que os princípios ocidentais são contrários aos princípios islâmicos.
“Não podemos seguir os princípios da civilização ocidental em matéria política e económica”, afirmou.
Os comentários de Khamenei surgem um dia depois de Trump ter anunciado que enviou uma carta ao Irão a pedir negociações sobre um acordo nuclear.
“Temos uma situação com o Irão e algo vai acontecer muito em breve, muito, muito em breve”, disse Trump aos jornalistas na Sala Oval, na sexta-feira, acrescentando que faltam apenas “os últimos retoques” para chegar a um acordo e que “vão ser dias interessantes”.
O Presidente norte-americano insistiu que prefere “um acordo de paz à outra (opção militar)”, algo que já tinha afirmado anteriormente, e garantiu que Washington não pode “permitir que eles tenham uma arma nuclear”, referindo-se ao Irão.
Após o seu regresso ao poder, Trump voltou a impôr a chamada política de “pressão máxima” contra o Irão e aprovou novas sanções para cortar a venda de petróleo iraniano.
Khamenei, por seu turno, já tinha rejeitado a possibilidade de negociar, considerando que falar com Washington “não é sensato, não é inteligente e não é honroso”.
A mais alta autoridade religiosa recordou que, em 2018, Trump abandonou o pacto nuclear de 2015, assinado entre o Irão e seis potências, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções.
Após a saída dos Estados Unidos da América do acordo nuclear, o Irão está a enriquecer urânio muito acima do nível permitido e já tem 274 quilogramas enriquecidos a 60% de pureza, perto de 90% para uso militar, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).