Entidade para a Transparência reconhece que há declarações de governantes por verificar

A presidente da Entidade para a Transparência (EtP), Ana Raquel Moniz, reconheceu hoje que ainda há declarações de rendimentos de governantes por verificar, admitindo rever o critério utilizado para determinar a ordem com que são avaliadas.

© DR

Numa audição na comissão parlamentar de Poder Local, Ana Raquel Moniz frisou que, até ao momento, o critério que a EtP utiliza para analisar as declarações de rendimento único submetidas por titulares de cargos públicos é cronológico, ou seja, se um presidente de um instituto público enviar uma declaração antes de um ministro, será avaliada primeiro.

“O que presidia a este critério era um critério de igualdade, sem prejuízo de se reconhecer que, quanto maior for o âmbito das funções exercidas pelo titular, maior é o potencial de haver conflitos de interesses – reconhece-se isso – [mas] a este critério presidia a ideia de que, ainda assim, é tão nefasto para o interesse público que haja um problema de integridade num membro do Governo como num autarca, num presidente de instituto público”, explicou.

Admitindo que este critério possa ter que ser revisto, a presidente da EtP frisou assim que, tendo em conta que, até agora, foi o critério cronológico que foi utilizado, isso significa que nem todos os membros do Governo ou deputados “têm as suas declarações integralmente verificadas”.

“Se chegarmos ao fim da legislatura, nessa altura estará certamente verificada. Mas há declarações de membros do Governo que estão, neste momento, em verificação, portanto, a serem pedidos esclarecimentos aos titulares, e deputados também”, referiu.

Ana Raquel Moniz reagia a uma pergunta do deputado do CHEGA Luís Paulo Fernandes, que abordou as declarações que a presidente da EtP fez em 25 de fevereiro, também numa audição no parlamento, na qual afirmou que só 25% das declarações submetidas por titulares de cargos públicos tinham sido avaliadas até ao momento.

“Se esta legislatura terminar hoje, ou amanhã, o que é certo é que só temos 25% das declarações analisadas. O que me parece muito estranho porque, se estamos todos em funções – de governantes a deputados – todos deveríamos já estar analisados”, defendeu.

Na resposta, a presidente da EtP salientou que, até esta terça-feira, a entidade tinha concluído 680 declarações únicas, num total de 2.701 – correspondendo aos 25% que tinha indicado há duas semanas – e estão 243 em análise.

Ana Raquel Moniz justificou a situação com o facto de a EtP só ter três técnicos superiores a verificarem as declarações, salientando que “não é possível fazer mais neste momento”.

“Foi enviado pelo Tribunal Constitucional (TC), pelo menos desde dezembro, uma proposta de alteração da portaria que contém o mapa de pessoal do TC, prevendo um reforço dos recursos humanos da EtP, mas até ao momento ainda não foi recebida resposta”, disse.

Ainda assim, prosseguiu, o trabalho dos três técnicos superiores tem permitido “corrigir um conjunto bastante significativo de declarações”, salientando que, devido ao seu trabalho, já foram substituídas 385 declarações únicas e 99 anuladas.

“Portanto, é um trabalho que não se pode, de facto, exigir mais”, disse.

Nesta audição, Ana Raquel Moniz salientou ainda que, neste momento, a EtP está a analisar um caso “em que poderá estar em causa a violação da exclusividade”, mas “ainda está na fase de envio à titular ou titular do ofício em que se notifica que vai ser enviado ao Ministério Público ou à entidade que exerce poderes de fiscalização sobre esta matéria”.

Depois de interpelada pelos deputados para saber se, em causa, poderá estar um membro do Governo – numa alusão ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e à sua relação com a empresa Spinumviva -, Raquel Moniz garantiu que o processo em questão “nada tem a ver com o que se possa vir a passar hoje”, referindo-se ao debate e votação de uma moção de confiança ao Executivo, esta tarde na Assembleia da República.

Últimas de Economia

O montante investido em certificados de aforro voltou a aumentar em outubro, em termos homólogos, para 39.387 milhões de euros, um crescimento de 15,4% em termos homólogos, segundo dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal (BdP).
A intensidade energética da economia situou-se em 3,7 MJ/euro em 2023, traduzindo uma redução de 6,4% face a 2022, o resultado mais baixo da série disponível, anunciou hoje o Instituto Nacional e Estatística (INE).
O escândalo da privatização da TAP volta a rebentar: o Ministério Público constituiu quatro arguidos por suspeitas de que a companhia aérea foi comprada… com o próprio dinheiro da TAP. A operação 'Voo TP789' desencadeou 25 buscas explosivas e está a abalar o setor da aviação nacional.
A taxa de inflação homóloga fixou-se, em outubro, nos 2,1% na zona euro, confirmou hoje o Eurostat, indicando que na União Europeia (UE) foi de 2,5%, com Portugal a apresentar a sexta menor (2,0%).
A Polícia Judiciária realizou hoje várias buscas no âmbito da privatização da TAP em 2015.
O Conselho Económico e Social (CES) considera "insuficiente o grau de clareza" das transferências internas da Segurança Social e recomenda que a Conta Geral do Estado (CGE) "passe a incluir dados detalhados" sobre a Caixa Geral de Aposentações (CGA).
O Banco Central Europeu (BCE) considerou que dez bancos importantes da zona euro tinham em 2025 provisões insuficientes para cobrir os riscos de exposições a crédito malparado, menos oito bancos que na revisão supervisora de 2024.
A Comissão Europeia decidiu hoje impor limites a importações de produtos de ligas de ferro (ferroligas) pela União Europeia (UE), como medida de proteção desta indústria.
O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) exigiu hoje o reforço urgente da segurança, após recentes disparos contra serviços de finanças da Grande Lisboa, durante a madrugada, e alertou para o agravamento do clima de segurança nos trabalhadores.
O Ministério Público realizou buscas de grande escala na TAP para investigar suspeitas de corrupção e burla na privatização feita em 2015. O caso, reaberto com novos indícios da Inspeção-Geral de Finanças, ameaça reacender uma das maiores polémicas da empresa.