Fnam diz que novo caso de grávida que perdeu bebé é “ponto de rutura”

A Federação Nacional dos Médicos considerou hoje inaceitável o novo caso da grávida que perdeu o bebé depois de encaminhada para um hospital a mais de uma hora de distância e disse que marca "um ponto de rutura".

© LUSA/ ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Em declarações à Lusa, a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Joana Bordalo e Sá, exigiu uma “mudança imediata” na política de saúde e responsabilizou o Governo pela atual situação das urgências obstétricas.

“Exigimos que haja uma mudança imediata na política de saúde, uma mudança que devolva dignidade, segurança e humanidade ao SNS, porque o que aconteceu é intolerável e nós não podemos, em consciência, permitir que isto se repita”, afirmou.

Segundo noticiou a RTP, a grávida, de 31 semanas, terá ligado para a linha de Saúde 24, sem sucesso, e acabou por ligar para o 112, sendo acionados os bombeiros do Barreiro. Acabou por ser transportada para Cascais porque as urgências do Hospital S. Bernardo e, Setúbal, que deveriam estar abertas, encerraram por sobrelotação.

“Este caso não é um acidente, isto é uma consequência direta das políticas que estão a ser aplicadas por este Ministério da Saúde, de Ana Paula Martins, e, por isso, nós responsabilizamo-lo diretamente por esta tragédia”, disse Joana Bordalo e Sá.

Pediu um reforço urgente das urgências com mais médicos, com valorização de carreiras, evitando que se continue “a apagar fogos”.

“Se houvesse uma perspetiva de conseguir recuperar os médicos para o Serviço Nacional de Saúde de uma forma emergente, isso é que deveria estar a ser feito”, acrescentou.

Joana Bordalo e Sá defendeu que é possível conseguir contratar médicos de uma forma rápida e mais célere, mas sublinhou: “para isso é preciso vontade política”.

Este foi o segundo caso conhecido esta semana de uma grávida que perde o filho depois de procurar uma resposta de urgência.

Segundo relatou no domingo o Correio da Manhã, no dia 10 de junho uma outra grávida foi encaminhada pelo SNS24 para a urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Setúbal, onde terão garantido que o bebé se encontrava bem.

Seis dias depois, a grávida, de 37 anos, voltou a sentir dores e foi atendida no Hospital do Barreiro, no distrito de Setúbal, onde terá recebido indicação para ir para casa.

Voltou a sentir-se mal três dias depois e deslocou-se ao Hospital Garcia de Orta, em Almada (Setúbal), onde não foi detetado qualquer problema.

Passadas 48 horas, a Linha SNS 24 terá encaminhado a mulher para o Hospital de Cascais, onde lhe terá sido dito não haver vaga para internamento.

Recusando regressar a casa, a mulher foi transportada de ambulância para a ULS Santa Maria, onde foi feita uma cesariana de emergência.

A recém-nascida nasceu com 4,5 quilogramas, com batimentos cardíacos fracos e sinais de sofrimento fetal. A bebé, apesar das manobras de reanimação, não resistiu.

Neste caso, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde garantiu no início da semana que a grávida, de 40 semanas, “terá sido avaliada de forma atempada”.

Em comunicado, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde explicou que em todos os hospitais onde foi observada, a grávida terá sido avaliada de forma atempada por profissionais de saúde qualificados, submetida aos exames e avaliações considerados necessários e recebido as orientações consideradas adequadas.

Considerou ainda a resposta prestada é “congruente com os protocolos de referenciação e de acesso em vigor, tendo sido assegurada a continuidade assistencial ao longo de todo o percurso da utente no Serviço Nacional de Saúde”.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde veio dizer que acompanhava a avaliação dos cinco hospitais envolvidos na assistência prestada à grávida, acrescentando que as unidades hospitalares “estão a avaliar a situação, no âmbito das competências dos respetivos órgãos de gestão”.

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