Novo governador do BdP “é um mal menor entre manter má herança do PS”

O Presidente do CHEGA considerou hoje que a escolha do ex-ministro Álvaro Santos Pereira para governador do Banco de Portugal "é um mal menor" em relação à possibilidade de reconduzir Mário Centeno no cargo.

© Folha Nacional

Em declarações aos jornalistas no parlamento, André Ventura elogiou a “independência académica e técnica” de Santos Pereira e o seu currículo, mas lamentou que PSD e CDS-PP continuem a fazer escolhas dentro do leque dos antigos ministros ou secretários de Estado dos dois partidos.

“Vai demorar até que o PSD e o CDS-PP se desabituem de fazer este tipo de jogo permanente de nomear os seus e os dos seus quadros partidários. Mas acaba por ser o mal menor entre manter alguém que, manifestamente, não tinha nenhuma condição de independência, que era uma má herança do PS, e esta nomeação”, sublinhou.

O líder do CHEGA afirmou que transmitiu ao primeiro-ministro — na última reunião que tiveram em São Bento – que se oporia à recondução de Mário Centeno, mas sublinhou que “não indicou nome algum” para este ou outro cargo, sem responder diretamente à pergunta se Luís Montenegro lhe comunicou previamente a escolha de Álvaro Santos Pereira.

“Não vou referir se houve ou não um contacto sobre esta matéria. Há uma garantia que deixo: não houve uma única indicação de nomes do CHEGA para ocupar o lugar, quem governa é o Governo, só queríamos objetividade, independência e competência”, disse.

Ventura saudou, sobretudo, a não recondução de Mário Centeno no Banco de Portugal, uma posição que já tinha expressado publicamente.

“Era um erro manter alguém que tinha passado de ministro socialista a governador socialista, porque dava uma cultura de tachos e de enraizamento no Estado de quem tem o cartão partidário numa instituição que deve ser independente”, disse.

Já sobre Santos Pereira, depois de saudar que seja alguém “que pensa pela sua cabeça e que foi capaz muitas vezes de pensar desalinhadamente”, o líder do CHEGA manifestou discordância da posição expressa recentemente pelo até agora economista chefe da OCDE de que Portugal precisa de mais imigração.

“Mas, uma vez que Álvaro Pereira não vai governar em matéria de controlo de fronteiras ou em matéria de decisões de natureza administrativa ou policial, o Chega não colocou aí uma linha vermelha que fosse impeditiva desta indicação”, disse.

Ventura insistiu que gostaria de ter visto “o Governo capaz de nomear pessoas distantes” do seu campo político-partidário.

“Não é nomear pessoas que sejam do cartão partidário do PSD ou do CHEGA ou do PS e por isso ocupem lugares. É nomear pessoas que são boas e por isso chegam àqueles lugares”, afirmou, antevendo que “ainda demorará algum tempo até o PSD conseguir compreender isto”.

A decisão do Governo foi anunciada pelo ministro dos Assuntos da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros.

Álvaro Santos Pereira foi ministro da Economia e do Emprego de 2011 a 2013, no Governo de Pedro Passos Coelho (PSD/CDS-PP), e desempenhou até agora as funções de economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Últimas de Política Nacional

Cinco deputados sociais-democratas, liderados por Hugo Soares, viajaram até Pequim a convite direto do Partido Comunista Chinês. A deslocação não teve carácter parlamentar e escapou às regras de escrutínio da Assembleia da República.
Saiu do Executivo, passou pelo Parlamento e acaba agora a liderar uma empresa pública com um vencimento superior ao que tinha no Governo. Cristina Vaz Tomé foi escolhida para presidir à Metro de Lisboa e vai ganhar cerca de sete mil euros mensais, com despesas da casa pagas.
O Ministério Público (MP) pediu hoje penas entre os cinco e nove anos de prisão para os ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS) e Pinto Moreira (PSD), por suspeitas de corrupção no processo Vórtex.
O presidente do CHEGA, André Ventura, anunciou hoje que o seu partido votará contra o novo pacote laboral no parlamento se o Governo não ceder em matérias como o despedimentos e alterações na área da parentalidade.
A mensagem gerou indignação, o caso abalou o ministério e levou a uma demissão, mas o inquérito interno concluiu que não houve infração disciplinar. Nataniel Araújo sai ilibado e continua como chefe de gabinete da Agricultura.
Os vereadores e deputados municipais do CHEGA têm rejeitado a criação da Comunidade Intermunicipal da Península de Setúbal.
Bruxelas paga, Lisboa faz campanha: Ângelo Pereira (PSD) e Ricardo Pais Oliveira (IL) estiveram no terreno eleitoral enquanto recebiam vencimentos do Parlamento Europeu, prática proibida pelas regras comunitárias.
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao INEM decidiu hoje suspender os trabalhos durante o período de Natal e Ano Novo e na segunda semana de janeiro, devido às eleições presidenciais.
Num mês em que as presidenciais já se travavam mais nos ecrãs do que nas ruas, André Ventura esmagou a concorrência: foi o candidato que mais apareceu, mais falou e mais minutos ocupou nos principais noticiários nacionais.
O Ministério da Saúde voltou a entregar um contrato milionário sem concurso: 492 mil euros atribuídos diretamente ao ex-ministro social-democrata Rui Medeiros, aumentando a lista de adjudicações diretas que colocam a Saúde no centro da polémica.