Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, antes de uma reunião com a Liga dos Bombeiros, André Ventura voltou a defender que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa deve assumir responsabilidades na sequência do acidente mortal e desafiou o primeiro-ministro e líder do PSD a pronunciar-se.
“Dirijo-me aqui especialmente ao primeiro-ministro de Portugal, porque é líder do partido a que o engenheiro Carlos Moedas pertence. Qual é a sua perspetiva sobre isso? Qual é a sua opinião sobre isso? Podem morrer 16 pessoas e ninguém ter culpa? Podem morrer 16 pessoas e olharmos para o lado e fingimos que nada aconteceu? Não há aqui uma responsabilidade política que nós sempre dissemos em democracia que tem que ser assumida e que tem que ser partilhada? Vamos olhar para o lado e fingir que não morreram pessoas?”, questionou.
O Presidente do CHEGA criticou igualmente as declarações de Moedas, no domingo à noite, sobre as razões da demissão do antigo ministro socialista Jorge Coelho após a queda da ponte de Entre-os-Rios, em 2001, considerando que “são absolutamente falsas”.
“Jorge Coelho demitiu-se na noite em que caiu a ponte Entre-os-Rios, com todas aquelas vítimas mortais. Carlos Moedas andou à fuga a ver onde é que se podia esconder naquela noite. Essa faz a diferença entre políticos, há os que dão a cara, os que não se escondem, e há os que estão sempre à procura de um beco para se poder esconder da responsabilidade”, defendeu.
No domingo, durante uma entrevista à SIC sobre as causas do acidente mortal com o Elevador da Glória, em Lisboa, Carlos Moedas foi confrontado com o exemplo do falecido socialista Jorge Coelho, em 2001, que se demitiu das funções de ministro de ministro do Equipamento Social na sequência da queda da ponte de Entre-os-Rios, no rio Douro.
Carlos Moedas recusou a comparação e disse que o gabinete de Jorge Coelho tinha recebido informações que apontavam para a fragilidade da ponte ainda antes do acidente, enquanto no caso dele, pelo contrário, não recebeu qualquer sinal nesse sentido em relação ao Elevador da Glória.
“Responsabilidade política é quando o político sabe e não atua”, justificou o presidente da Câmara de Lisboa.
Hoje, o líder do CHEGA acusou o autarca social-democrata de “falta de sentido de responsabilidade” e de se esconder e defendeu que “os políticos a sério, de cara séria, com verticalidade, não se escondem nos momentos de crise, não se escondem nos momentos de responsabilidade, assumem-na”.
André Ventura disse que o próprio “saberá como deve fazer”, indicando que “pode ser por ação, e assumir essa responsabilidade por essa via” ou “anunciando o que é que proativamente se vai fazer para o futuro”.
Ventura não pediu diretamente a demissão de Carlos Moedas, dizendo que essa é uma matéria para os autarcas do CHEGA , e lembrou que os deputados do partido na Assembleia Municipal de Lisboa vão apresentar na terça-feira uma moção de censura ao executivo da capital.
O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.