A tensão em torno dos cartazes da candidatura presidencial de André Ventura, onde se lê a frase “Os ciganos têm de cumprir a lei”, ganhou um novo capítulo. Em entrevista ao Diário de Notícias, publicada esta quarta-feira, um ativista cigano lançou críticas duras ao líder do CHEGA e deixou um aviso que está a gerar controvérsia:
“Se isto não parar, o que pode acontecer? Pode aparecer um maluco…”
As declarações foram interpretadas como uma ameaça velada a Ventura, que já reagiu, considerando-as “intoleráveis” e “um reflexo da impunidade de quem não aceita a liberdade de expressão em democracia”.
O ativista, apresentado como um dos representantes da comunidade cigana, acusou o candidato de “pôr pessoas contra pessoas” e de “infetar a população com um discurso de ódio”, defendendo que “as autoridades deviam agir”.
“Não se pode falar assim de todas as pessoas de uma comunidade. Há limites que não podem ser ultrapassados”, afirmou.
Na mesma entrevista, o ativista lamentou o aumento da discriminação, sublinhando que “os jovens ciganos são livres, querem casar e estudar”, mas insistiu que o discurso de Ventura “incentiva o ódio e a violência”. O ativista defende ainda que o candidato presidencial “tem de ter uma limitação” e acusa-o de “trazer de volta preconceitos do Estado Novo”.
Recorde-se que André Ventura alertou esta terça-feira para o impacto político e social de uma eventual decisão judicial contra os cartazes: “Se esta mensagem tiver de ser retirada, o que me preocupa verdadeiramente é o que estamos a passar para fora. Qual será o impacto que isto terá na comunidade cigana? Eles têm de cumprir a lei. Mas o que sente a comunidade cigana? Que pode não cumprir a lei? E as pessoas que vivem ao lado dos ciganos?”, questionou.
O candidato garante que a frase é uma mensagem política legítima, centrada no princípio da igualdade perante a lei.
“Isto é uma mensagem eleitoral. Não a considero ofensiva. É colocar os portugueses em primeiro lugar. Têm de cumprir a lei”, reforçou.
As declarações surgem numa altura em que André Ventura enfrenta um processo judicial relativo à legalidade dos seus cartazes eleitorais. O candidato presidencial mantém a posição de que “só a lei e a justiça” o poderão obrigar a retirá-los e denuncia o que considera ser “uma campanha orquestrada para calar a sua voz”.