Idosos que denunciam filhos por violência querem tratamento e não punição

Muitos dos idosos que denunciam os filhos por violência doméstica querem que estes sejam tratados e não punidos, sustentou à Lusa a coordenadora do Gabinete de Informação e Atendimento à Vítima (GIAV) do Campus de Justiça de Lisboa.

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“Muitas vezes, aquela pessoa idosa aquilo que nos verbaliza sempre é: ‘eu só denunciei, porque quero que o meu filho ou a minha filha se trate'”, relatou, em entrevista a propósito do 14.º aniversário do GIAV, Iris Almeida.

Segundo a psicóloga, no caso dos idosos os principais agressores são os filhos, os netos e às vezes o cuidador, envolvendo “por vezes questões de saúde mental” ou consumos.

“Não querem tanto uma punição, querem mais uma reabilitação deste ponto de vista dos consumos quer de álcool quer de drogas, ou até questões ao nível da saúde mental”, sublinhou a também investigadora e professora universitária.

Inaugurado em 18 de novembro de 2011, o GIAV nasceu de um protocolo entre o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e a Egas Moniz School of Health and Science, em Almada, e garante o acompanhamento das vítimas por psicólogas ao longo de todo o processo penal.

No caso dos idosos, há situações em que, atendendo à sua fragilidade, “todas as diligências” com as vítimas são realizadas em casa ou na instituição onde estejam a residir.

“É importante também o próprio tribunal, o Ministério Público, na zona onde estamos em Lisboa, ter esta sensibilidade para as vítimas, especialmente vítimas fragilizadas que têm dificuldades ao nível da mobilidade física, por vezes também a questão da saúde mental”, salientou Iris Almeida.

A coordenadora do GIAV confirmou ainda que, “nos últimos anos”, têm sido acompanhadas no espaço mais pessoas idosas, algo que associa a um contexto de crise no país.

“Sempre que nós temos uma crise, e atualmente vivemos uma situação em que o preço da habitação está muito caro, muitas vezes o que acontece é que estes filhos voltam para casa dos pais […] e depois exigem. E acabamos por ter conflitos intergeracionais”, defendeu, acrescentando que tal tinha já sido sentido no GIAV “quando foi a última crise”.

Em 14 anos, as psicólogas do espaço realizaram 3.512 acompanhamentos de vítimas de todas as idades em sede de declarações para memória futura, 158 em sede de inquirição pelo Ministério Público e 86 em audiências de julgamento, bem como 577 atendimentos.

Por funcionar no Campus de Justiça de Lisboa, onde estão instalados vários tribunais, o GIAV alargou também a sua atuação a arguidos menores, de 16 e 17 anos, tendo realizado neste âmbito 90 acompanhamentos.

O espaço funciona no Edifício E do Campus de Justiça de Lisboa, onde, desde 2020, está também instalada uma esquadra da PSP, onde as vítimas de violência doméstica podem apresentar diretamente queixa.

A área de atuação do GIAV, que já prestou apoio a vítimas entre os 5 e os 100 anos, é a área metropolitana de Lisboa.

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