Neste novo mundo contemporâneo, caracterizado por uma crescente virtualização das interações sociais, a falsidade e a construção de identidades fictícias tornaram-se uma realidade inegável. As redes sociais, espaços onde as pessoas compartilham as suas vidas, opiniões e aspirações, desempenham um papel central nesse fenómeno, que muitas vezes ultrapassam os limites da criação de avatares fictícios, chegando até mesmo ao ponto de glorificar ou denegrir a própria imagem.
O uso cada vez maior das redes sociais trouxe consigo a promessa de conexões significativas e uma plataforma para a expressão pessoal. No entanto, o que se vê, em muitos casos, é um contraponto intrigante entre a autenticidade e a construção de fachadas elaboradas. Pessoas criam perfis falsos por diversas razões, das quais há duas a destacar:
1. Máscaras da Autoestima: Algumas pessoas recorrem à criação de perfis falsos como uma maneira de elevar a sua autoestima. Nessas identidades fictícias, podem retratar-se como mais bem-sucedidas, atraentes ou interessantes do que se percebem na realidade. O ato de receber elogios e reconhecimento, mesmo que seja direcionado a um alter-ego, pode proporcionar um sentimento de validação que muitas vezes falta na realidade quotidiana.
2. Críticos Anónimos: Numa simples análise dessa tendência, algumas pessoas criam perfis falsos para denegrir a própria imagem (o tal coitadinho) ou a de outras pessoas. Isso pode ser resultado de problemas de autoestima, depressão ou até mesmo comportamentos autodestrutivos. A máscara da falsidade, nesses casos, serve como uma válvula de escape para expressar emoções negativas, o que é basicamente uma manifestação alarmante de angústia pessoal.
A criação de “personas” falsas nas redes sociais é preocupante por várias razões. Em primeiro lugar, ela contribui para um ambiente virtual onde a autenticidade se torna rara, minando a confiança mútua. As relações ‘on-line’ podem se tornar superficiais, baseadas em ilusões e expectativas irreais.
Além disso, a criação de perfis falsos para fins negativos, como o ‘bullying’ cibernético, coloca em risco a saúde mental das vítimas e perturba o tecido social ‘on-line’.
As consequências emocionais e psicológicas podem ser devastadoras, e a necessidade de combater esses abusos tornou-se uma preocupação crescente, mas que não está a ser devidamente estudada, faltando inclusive regulamentação para este tipo de crime.
Em suma, as pessoas que criam “personas” falsas nas redes sociais não procuram mais do que o reflexo da complexa interação entre as suas vidas digitais e a busca de validação, aceitação e expressão pessoal.
É um fenómeno multifacetado e intrigante que requer uma abordagem equilibrada, incluindo educação sobre as consequências das identidades falsas, além de um foco na promoção da autenticidade e do respeito nas interações ‘on-line’. Somente assim poderemos mitigar os efeitos prejudiciais dessa tendência e cultivar uma comunidade virtual mais saudável e genuína.