Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no meio de uma concentração a favor da Palestina, junto ao Palácio de Belém, quando questionado sobre se existe o risco de um genocídio na Faixa de Gaza.
“Não é preciso ser genocídio, basta ser um atentado contra vítimas inocentes, civis, de qualquer das partes. Isso vai contra o direito humanitário”, afirmou.
O Presidente da República realçou que “ainda não tinha havido qualquer resposta ao ataque e já dizia que tem de se respeitar o direito humanitário”.
“Até dizia mais: uma democracia tem de atuar no quadro da democracia, mesmo em tempos de guerra”, assinalou, após ter sido criticado por diversos manifestantes por ter dito, na sexta-feira, ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal que alguns palestinianos “não deviam ter começado” esta guerra com Israel, aconselhando-os a serem moderados e pacíficos.
Marcelo Rebelo de Sousa reiterou hoje que “a posição portuguesa é a mesma e será a mesma”.
“Estamos e estaremos firmes, atrás do engenheiro Guterres e da posição que tem tomado, que é a posição das Nações Unidas, que votámos ainda agora na última resolução – em que houve 120 a favor, 47 abstenções e 14 votos contra apenas – em que muitos países da EU, mas Portugal sempre esteve ao lado da posição, que é: há direito a haver um Estado palestiniano”, sublinhou.
As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa surgiram entre os apelos a um cessar-fogo no conflito na Faixa de Gaza por cerca de 200 pessoas, que se concentraram junto ao Palácio de Belém.
Entre as palavras de ordem ouviu-se “Marcelo aprende a história da Palestina”, mas também “não queremos sorrisos, queremos ação imediata”.
Marcelo Rebelo de Sousa confrontou vários dos manifestantes e num momento de maior tensão, após ter ouvido que é “o Presidente de todos os portugueses, não é comentador”, o chefe de Estado reiterou que “Portugal condenou o ato terrorista, mas é a favor da Palestina”.
Quando uma manifestante lhe disse que a conversa com o representante palestiniano na sexta-feira “foi uma falta de diplomacia” e que “esteve mal”, o Presidente da República ripostou que apenas “disse o que Portugal pensa”.
Ainda assim perante a insistência de críticas, garantiu que disse ao diplomata palestiniano que “‘um grupo começou agora’, mas noutras ocasiões outros grupos começaram”.
O Presidente da República considerou que não existe uma radicalização do discurso em Portugal e que a concentração a favor da Palestina foi ordenada e dialogante.