“É um retrato social que nos inquieta profundamente”, disse o padre Manuel Barbosa, secretário da CEP, no final dos trabalhos da assembleia plenária do episcopado, que decorreu desde segunda-feira em Fátima.
Os bispos analisaram a atual situação de crise social, e deixaram uma palavra “de reconhecimento às mais de 1.700 instituições de solidariedade social da Igreja que, diariamente, ao lado dos mais carenciados, procuram não deixar morrer a sua esperança, apesar de se encontrarem, também elas, em dramáticas situações no que se refere à sua sustentabilidade e viabilidade futuras”.
No comunicado final da reunião plenária, lido por Manuel Barbosa, é lembrado que “o Estado assinou com as entidades representativas do setor social (IPSS) o Pacto de Cooperação (em 23 de dezembro de 2021), no qual assumiu aumentar os Protocolos de Cooperação para assumir como mínimo 50% dos custos nas respostas sociais”.
“Atualmente, este apoio do Estado situa-se nos 38%, segundo os dados objetivos das entidades representativas do setor. É urgente atingir os 50% que são definidos no referido Pacto para viabilizar as Instituições sociais em Portugal”, acrescentam os bispos, que esperam, “neste período preparação de eleições, (…) dos partidos políticos uma programação que contemple a viabilidade do Setor Social”.
Para o episcopado português, “todas estas questões, agravadas por um cenário de guerra internacional e o incontornável fenómeno migratório, impelem-nos a querer fazer caminho com todos, para uma maior coesão social, cultural e política. Neste âmbito, assume particular relevância o diálogo e a colaboração entre as várias religiões”, acrescentou o secretário da CEP.
Segundo o presidente da CEP, José Ornelas, “muitas instituições de solidariedade social correm o risco de encerrar”.
Por outro lado, questionado sobre o atual momento político e social, o presidente da Conferência Episcopal manifestou a convicção de que os portugueses têm “curiosidade em conhecer as razões, o processo, que levou à queda do Governo”.
Mostrando preocupação pelos riscos de crescimento do populismo, o também bispo da diocese de Leiria-Fátima defendeu a criação de uma cultura de “honestidade e credibilidade” na defesa das instituições.
“Acompanhamos com preocupação o que se vai passando”, disse José Ornelas, deixando também o desejo de que “não se perca a esperança”.