“Não posso confirmar isso, nem vou desmenti-lo nesta altura”, afirmou André Ventura, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, onde participou na campanha do CHEGA para as eleições legislativas nos Açores de 04 de fevereiro.
O deputado Rui Cristina, que foi anunciado como o quinto candidato na lista do PSD pelo distrito de Faro às legislativas antecipadas de 10 de março, revelou hoje que vai deixar o partido e passar a deputado não inscrito até final da legislatura.
Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de integrar as listas de candidatos pelo CHEGA, o ainda deputado do PSD, com mais de 20 anos de militância no partido, respondeu que “o futuro exige ponderação e reflexão”.
Colocado perante a mesma pergunta, André Ventura não confirmou se Rui Cristina será candidato pelo CHEGA, mas admitiu que “seria bem-vindo”.
“Ele próprio anunciou que estava num processo de reflexão e de ponderação. Acho que devemos respeitar isso. As coisas têm o seu tempo”, disse.
“Acho que o deputado Rui Cristina foi um dos melhores deputados do PSD desta última legislatura, é uma enorme mais-valia e não vou negar que, se fosse essa a vontade dele e se chegasse a um entendimento, para o CHEGA seria uma enorme mais-valia”, acrescentou.
O líder do CHEGA disse que “estão a ser finalizadas as conversações” e que “durante a semana serão anunciados ao país” os cabeças de lista do partido às eleições legislativas, revelando mais dois nomes.
“O deputado Pedro Pinto, líder parlamentar, voltará a encabeçar o distrito de Faro nestas eleições legislativas, e o presidente da distrital de Viseu, João Tilly, será o cabeça de lista pelo distrito de Viseu a estas eleições”, avançou.
Rui Cristina é o segundo parlamentar do PSD a deixar o partido nas últimas semanas, depois de António Maló de Abreu, que foi confirmado este fim de semana como candidato do CHEGA pelo círculo fora da Europa, após anteriormente ter recusado essa possibilidade.
André Ventura disse ver com “naturalidade” a migração de militantes do PSD para o CHEGA, lembrando que ele próprio também fez esse percurso.
“Quando temos um partido que quer ser alternativa, mas que insiste em aproximar-se mais do PS do que da alternativa à direita, é normal que uma parte desse eleitorado, que se identifique mais com a direita, entenda que tem de migrar para outro partido”, frisou.
O dirigente rejeitou que a escolha de deputados do PSD como cabeças de lista do CHEGA provoque mau estar entre os militantes, alegando que a maior parte está no partido “por um projeto e não pelo seu lugar”.
“Eu não convido pessoas para listas para serem candidatos pontuais, convido pessoas para integrarem um projeto a médio e longo prazo”, reforçou, referindo-se aos militantes do PSD.
André Ventura convocou uma conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, para desafiar, pelo terceiro dia consecutivo, o líder do PSD, Luís Montenegro, a esclarecer se “vai ou não viabilizar um governo do PS que seja minoritário”.
“Eu lamento de insistir nesta questão, mas acho que quer nos Açores, para as eleições do dia 04, quer a nível nacional, nas eleições do dia 10 de março, é importante que o líder do PSD esclareça o que vai fazer e isso não aconteceu”, vincou.
O líder do CHEGA criticou ainda a “ausência absoluta” do tema da corrupção na convenção da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP/PPM).
André Ventura já tinha anunciado que seria o primeiro candidato do CHEGA por Lisboa às próximas eleições legislativas, bem com os nomes de Rui Afonso pelo Porto, Filipe Melo por Braga, José Dias Fernandes pelo círculo europeu, Miguel Arruda pelos Açores e Francisco Gomes (antigo deputado do PSD) pela Madeira.