Os debates ‘frente-a-frente’ que têm oposto os candidatos às eleições legislativas de 10 de março têm decorrido no mesmo formato em que se realizaram nas últimas legislativas de 2022. Quinze minutos de tempo útil para cada um dos intervenientes expor as suas ideias e atacar as posições do seu adversário, com um sorteio efetuado antes do debate para ver quem começa e quem acaba.
Trata-se de um formato de debate em que se torna difícil para os participantes conseguirem explicar detalhadamente as medidas em discussão e as propostas dos seus partidos para as mais variadas áreas, dependendo, em grande medida, da condução feita pelo jornalista que está a moderar e da introdução de temas feita por este.
Há, no entanto, um aspeto que está a marcar estes debates. Na opinião de todos, ou quase todos os comentadores, André Ventura perde sempre os debates, qualquer que seja o seu adversário. Ainda que os internautas e telespectadores, ao contrário dos comentadores, avaliem globalmente de forma positiva a prestação do líder do CHEGA e lhe deem a vitória nos debates.
Recorde-se que André Ventura é conhecido por ser implacável neste formato televisivo, e apesar de ser invariavelmente ‘mal’ classificado pelos comentadores, geralmente afetos a outras forças partidárias que não o CHEGA, continua a subir nas sondagens de forma consistente, sitiando-se neste momento no patamar dos 20%.
Todos os argumentos servem para denegrir a prestação de Ventura: desde os mais básicos, que passam por dizer que interrompe demasiado, quando afinal também os adversários o interrompem, como os que dizem que baixa o nível da discussão, quando aquilo que vemos é os seus adversários a recorrerem com frequência a ataques ad hominem, como foi o caso de Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
Em todo o caso, este padrão de atitudes dos comentadores e opinion makers relativamente a André Ventura, sobretudo contrastadas com a grande aceitação por parte dos internautas e de quem anda nas ruas, denota que o ‘sistema’ se está a sentir verdadeiramente ameaçado pelo CHEGA e pelo seu líder.
O concerto que existe entre as opiniões dos comentadores põe também a nu o desequilíbrio que existe na representatividade do CHEGA na comunicação social, não havendo um único comentador cuja opinião penda mais para o partido de Ventura. Aquilo que se observa é que quando existe, nalgum momento, uma análise objetiva do que se passou, quer nestes debates quer noutras ocasiões, há, logo de seguida, um sem número de análises enviesadas sobre aquilo que André Ventura diz.
Acontece que o efeito que estas análises enviesadas têm sobre quem vê é, precisamente, o contrário daquele que os comentadores pretendem, com as pessoas a tecerem inúmeros comentários negativos sobre a falta de objetividade e de imparcialidade com que estes comentam.
A verdade é que não há memória de se ver um político tão atacado no espaço público como André Ventura, sobretudo nestes 50 anos que passam do 25 de abril.
O líder do CHEGA termina os debates frente-a-frente esta sexta-feira, onde vai defrontar Rui Tavares, do Livre. No próximo dia 23 de fevereiro irá debater com todos os candidatos na RTP, pelas 21h00.