Frederico Morais, dirigente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional explicou à Lusa que o recluso, a cumprir pena por tráfico de droga, evadiu-se da cadeia de São Miguel cerca das 16:00 locais (17:00 em Lisboa), “saltando o muro” numa zona onde “uma torre estava desativada”, devido à “falta de pessoal”.
Ainda de acordo com Frederico Morais, o recluso tentou esconder-se num anexo junto a uma habitação perto do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, mas os guardas prisionais desencadearam de “imediato buscas nas proximidades” e o homem foi capturado.
O dirigente do Sindicado Nacional do Corpo da Guarda Prisional disse ainda que a ocorrência “demonstra a fragilidade do sistema prisional em Portugal” e “a situação gravíssima” da cadeia de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, recorrentemente denunciada.
“Neste momento, na cadeia de Ponta Delgada nem os reclusos têm condições de habitabilidade e os guardas prisionais trabalham em condições desumanas”, apontou Frederico Morais, assinalando que no ano passado ocorreram três tentativas de fuga, duas das quais “através de buracos” feitos na parede do próprio estabelecimento prisional.
“Também um outro recluso tentou evadir-se há cerca de três a quatro meses, saltando o muro e só não encetou a fuga, porque quando caiu na estrada partiu o pé”, relatou ainda, insistindo no alerta para a situação de “grande fragilidade” do edifício do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada.
Com uma população prisional de 128 reclusos, a cadeia de Ponta Delgada “tem apenas capacidade para 117”, apontou, acrescentando que existem cerca de 60 guardas prisionais e “há um défice de cerca de 20” profissionais.
Frederico Morais considerou ainda que a cadeia não tem condições mínimas de segurança para estar aberta, salientando que “a segurança da população está também em causa”.
“O problema da grave de falta de pessoal não é só na cadeia de Ponta Delgada é no país todo e nas ilhas”, afirmou, lamentando o impasse na construção de um novo Estabelecimento Prisional em São Miguel.
Questionada pela Lusa, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais garantiu que a evasão do recluso “a partir do pátio de recreio” foi “detetada e acompanhada” pelos elementos da vigilância presentes.
“O recluso nunca acatou as ordens que lhe foram dadas para parar, tendo sido recapturado logo após ter saltado o muro para o exterior”, lê-se numa nota enviada à Lusa, onde é referido que o recluso “fraturou um calcanhar”, pelo que se encontra “em tratamento” numa unidade do Serviço Regional de Saúde.
O recluso será alvo de um “processo disciplinar”, segundo a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, e “os factos respeitantes ao crime de evasão serão comunicados ao Ministério Público”.