“A partir de agora e até setembro, vamos ter um bloco central em Portugal”, defendeu André Ventura, em declarações aos jornalistas, à porta do sub-destacamento territorial da GNR do concelho de Sintra.
O líder do CHEGA foi questionado sobre a carta enviada pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, disponibilizando-se para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública, e à qual o líder do executivo já prometeu responder.
Ventura encarou esta missiva como “normal”, argumentando que, “a partir da tomada de posse, ficou claro que o PSD quer que o PS seja o seu interlocutor e, portanto, é com ele que tem de falar”.
O presidente do CHEGA insistiu que o seu partido estará na oposição, não deixando de aprovar “propostas que sejam positivas”.
“Acho que o tempo agora de dizer ao PSD que ainda pode arrepiar caminho, de sair debaixo da capa, do chapéu, de um partido que ele tanto criticou, já passou. A escolha foi feita e assumida e agora é tempo de trabalhar essa escolha para evitar que em setembro tenhamos um cenário de instabilidade”, defendeu.
André Ventura disse esperar que PS e PSD “criem essas condições de convergência para se entenderem”.
Interrogado sobre a moção de rejeição ao programa de Governo apresentada pelo PCP, o líder do CHEGA defendeu que não faz sentido aprovar o documento, uma vez que não há “alternativa política”.
“A partir de agora e até setembro vamos ter um bloco central em Portugal, portanto, não vejo razão para aprovar moção nenhuma. Acho que tem que se deixar o PSD e o PS governarem, nós cá estaremos para ver o que esteve bem e o que está mal, e em setembro tomaremos a nossa decisão”, afirmou.
Na opinião do dirigente do CHEGA, “o PS meteu-se a ele próprio num beco do qual não consegue sair”.
“Por um lado, quis ser disponível para mostrar que é o adulto na sala e agora já percebeu que a Aliança Democrática lhe disse, ‘então vais ter que ser tu a aprovar o orçamento’, e quer despachar a coisa em junho ou julho, para não ter que aprovar o Orçamento do Estado [para 2025], isso é evidente”, defendeu.
Lembrando que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, teve várias funções governativas ao longo dos últimos anos, incluindo no último executivo, Ventura questionou a credibilidade do líder socialista “para propor medidas destas”.
“Se Montenegro acha que Pedro Nuno Santos tem credibilidade para propor medidas destas, é o juízo que ele fará. Um dia serão os dois julgados pelos portugueses sobre a forma como conduziram este processo governativo”, considerou.