Inquérito ao caso das gémeas avança graças ao CHEGA

Após negas do Partido Socialista e do Partido Social Democrata, o CHEGA avançou sozinho, no passado domingo, com o pedido para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Esta quarta-feira, esse mesmo pedido foi aprovado em Assembleia da República.

© Folha Nacional

O CHEGA decidiu avançar com o pedido no dia em que foi conhecido o relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria das gémeas luso-brasileiras, tratadas em Lisboa, com um medicamento de milhões de euros, foi ilegal.

Recorde-se que a IGAS declarou que “não foram cumpridos os requisitos de legalidade no acesso das duas crianças à consulta de neuropediatria” uma vez que a marcação da consulta não havia cumprido a portaria que regula o acesso dos utentes ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Na altura, André Ventura justificou a decisão do pedido de inquérito por entender ser “importante que houvesse escrutínio, independentemente dos decisores políticos envolvidos” e porque “este caso implicou para os contribuintes um custo de vários milhões de euros”.

Ventura vincou ainda que o acesso à primeira consulta não havia cumprido “as regras habituais do SNS, definidas em portaria e em legislação própria, mas através de um pedido da Secretaria de Estado da Saúde, então ocupada por Lacerda Sales”. “É risível o argumento de que uma secretária sozinha fosse, por sua iniciativa, marcar uma consulta de gémeas que vivem do outro lado do mundo”, arrematou.

O líder do CHEGA também acusou o diretor clínico do hospital de “influência” através de uma “irregularidade”, que levou à consulta e depois à aplicação do medicamento; e também acusou o Infarmed de “mentir” ao Parlamento quando respondeu ao CHEGA que “o procedimento tinha sido o normal e o habitual”, após o relatório ter apurado “irregularidades”; e por a aprovação do medicamento não ter sido feita “através do sistema informático normal, mas através de um email”, com a sua apreciação feita antes da solicitação formal.

Tudo começou quando duas bebés gémeas luso-brasileiras receberam um tratamento milionário em Portugal, em novembro. Após o caso ter vindo a público, várias críticas fizeram-se ouvir e suspeitas de favorecimento recaíram, rapidamente, sobre Marcelo Rebelo de Sousa que negou por completo.

Mais tarde ficou, porém, clara a intervenção do filho, que deixou Marcelo desconfortável, levando ao corte de relações. A verdade é que foi o próprio filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, que escreveu ter havido intervenção de Marcelo no caso das gémeas, segundo o relatório da IGAS, a que a CNN Portugal teve acesso.

“Segue um assunto que o meu Pai passou para a Dra. Maria João Ruela, mas até hoje nada evoluiu e ninguém falou com os Pais das crianças”, pode-se ler no email enviado à assessora de Marcelo Rebelo de Sousa. Ao que o Presidente da República considerou de “imperdoável” por ter sido envolvido na polémica por causa do filho.

Tal facto terá levado ao corte total de relações entre os dois. A garantia foi deixada pelo próprio Presidente num jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal, tendo sido citada pelo jornalista brasileiro Vicente Nunes, do ‘Correio Braziliense’. “Ele sabe que eu tenho um cargo público e político e pago por isso”, afirmou o chefe de Estado, na altura, aos jornalistas.

Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda sobressair que a relação dos dois já passava por problemas e o distanciamento já existia meses antes, segundo o Diário de Notícias. O Chefe de Estado admitiu que o corte de relações com o filho “custa”, mas há “piores coisas na vida”. “Essa é uma das vantagens de se cortar. Ele tem 51 anos, se fosse o meu neto mais velho e preferido, com 20 anos, eu iria sentir-me corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado”, refletiu. Esta quarta-feira, a Assembleia da República deu ‘luz verde’ ao pedido do CHEGA para a comissão de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras que vai tomar posse a 22 de maio. Note-se que esta será a primeira vez que o partido de André Ventura vai liderar os trabalhos de uma comissão parlamentar de inquérito.

A comissão parlamentar de inquérito será liderada por um deputado indicado pelo CHEGA, tendo em conta de que se trata de um projeto potestativo (de carácter obrigatório). A comissão de inquérito terá cerca de quatro meses (120 dias) para concluir o seu trabalho e será composta por 17 deputados: quatro do Partido Social Democrata e outros quatro do Partido Socialista, três do CHEGA e um para cada um dos restantes partidos com assento parlamentar.

De acordo com o secretário da Mesa da Assembleia da República, Jorge Paulo Oliveira, a presidência será do CHEGA e as duas vice-presidências divididas entre PS e PSD. “Sob condição, foi analisada a eventual entrada do requerimento do CHEGA tendo em vista a abertura de um processo-crime contra o senhor Presidente da República e foram analisados os procedimentos que o Regimento impõe e dissipadas quaisquer dúvidas que possam existir sobre os mesmos”, disse o porta-voz da conferência de líderes, Jorge Paulo Oliveira.

Segundo o social-democrata, o CHEGA informou que este requerimento dará entrada entre esta quarta e quinta- -feira. “O Regimento impõe é que, dando entrada deste requerimento, terá de ser constituída uma comissão parlamentar especial que será constituída pelo mínimo dos deputados que habitualmente as comissões possam envolver”, cita o Expresso. O porta-voz da conferência de líderes detalhou ainda que “será concedido um prazo para a elaboração do relatório” por essa comissão, documento que quando estiver pronto “será obrigatoriamente objeto de agendamento, de discussão e de votação no prazo de 48 horas em sessão plenária”

Últimas de Política Nacional

O Presidente da República explicou esta sexta-feira que não concede audiências sobre propostas de referendo, como a que foi pedida pelo presidente do CHEGA, porque nos termos da Constituição só lhe compete intervir na fase final desses processos.
O Presidente da República afirmou hoje que vai começar a tratar da sucessão da procuradora-geral da República, Lucília Gago, com o primeiro-ministro para a semana, e referiu não saber que método Luís Montenegro pretende adotar nesta matéria.
A maioria dos partidos quer saber se o ex-primeiro-ministro António Costa teve alguma intervenção no caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria com o medicamento Zolgensma, enquanto o PS decidiu não fazer perguntas.

O atual líder do executivo, Luís Montenegro, rejeitou aquelas que seriam as exigências do CHEGA no que diz respeito ao combate à corrupção e ao controlo da imigração ilegal, preferindo negociar as medidas para o Orçamento do Estado de 2025 (OE25) com o Partido Socialista. Para o CHEGA, medidas de controlo à imigração ilegal e […]

O ministro da Educação, Fernando Alexandre, admitiu hoje que o novo ano letivo vai arrancar com “milhares de alunos sem aulas”, sublinhando que se trata de uma “falha grave” da escola pública que o Governo quer resolver até ao final da legislatura.
O presidente do CHEGA afirmou que o partido está a estudar propor uma nova comissão de inquérito à gestão da TAP, afirmando que "muito passou ao lado" do parlamento no anterior inquérito à gestão da companhia aérea.

Numa altura em que a imigração está a caminho de atingir os 15%, Luís Montenegro decidiu colocar em curso uma megaoperação para acelerar os pedidos que estão pendentes na AIMA. É já no dia 9 de setembro que vai arrancar este processo, que contará com um megacentro de operações em Lisboa e outros mais pequenos […]

O líder parlamentar do CHEGA, Pedro Pinto, classificou como “uma trapalhada” o processo de privatização da TAP, criticando o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao acusá-lo de ser cúmplice, afirmando que “quando chamou Miguel Pinto Luz para o Governo, sabia quem estava a nomear”.
André Ventura acusa Luís Montenegro de traição à Direita e de mentir ao CHEGA quando escolheu o PS para negociar o Orçamento do Estado de 2025.
O CHEGA reiterou hoje que se vai manter afastado das negociações do próximo Orçamento do Estado e não vai comparecer nem à próxima, nem a mais nenhuma reunião com o Governo, acusando o executivo de provocar o partido.