Em entrevista à agência Lusa, Elisabeth Economy, politóloga norte-americana e especialista em matérias domésticas e internacionais da China, ressalvou a necessidade de se conhecer a equipa de Trump, uma vez que enquanto presidente teve secretários de Estado e da Defesa “muito ativos”.
“Primeiro na Ásia, reforçando o Quad (grupo que junta EUA, Japão, Austrália e Índia), mas depois na Europa com a Clean Network trabalhando com Portugal, Grécia e outros países para que não aderissem à [tecnologia da] Huawei, falando sobre questões de segurança nacional”, explicou a ex-conselheira da administração Biden.
Contudo, uma segunda presidência Trump “permitiria potencialmente a Xi Jinping fazer mais progressos na afirmação da liderança chinesa na cena mundial”, prevê. Caso o republicano seja eleito, a China deverá ter mais facilidade em “mudar a discussão sobre o papel do dólar, sobre os direitos humanos, sobre a Internet, sobre a liberdade de navegação no Mar do Sul da China, sobre Taiwan”.
Segundo a membro da Hoover Institution da Universidade de Stanford, se não houver “Estados Unidos fortes a defender todas estas questões, tudo dependerá da Europa e depois das grandes economias da Ásia”, passando-se a colocar a questão: “será que Xi Jinping consegue persuadir os outros países da União Europeia, o Japão, a Austrália e a Coreia do Sul a alinharem de forma mais estreita com a China?”.
Quando Trump chegou ao poder, há sete anos, a China “não estava preparada para dar o passo para tentar substituir os Estados Unidos”, ou seja, havia a abertura, mas o país não conseguiu aproveitar, argumentou à Lusa.
“Xi Jinping teve uma oportunidade maior em 2017, quando o Presidente Trump chegou ao poder, mas menos capacidade. Atualmente, Xi Jinping tem mais capacidade, mas penso que tem menos oportunidades”, resumiu.
Questionada sobre o cenário que se coloca se Biden for reeleito em novembro, a autora respondeu: “penso que a China enfrentará um grande desafio nos próximos quatro anos”.