“Houve várias situações em que o CHEGA propiciou a desinformação. É um bocadinho como aquela expressão popular: ‘Quem com ferro mata com ferro morre’”, afirmou à Lusa o sociólogo e coordenador do MediaLab, instituto de estudo de ciências da comunicação integrado no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, que desenvolveu o projeto com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) para detetar e prevenir eventuais notícias falsas antes das europeias.
Apesar de considerados pouco graves, os investigadores registaram vários casos durante a campanha, dois deles envolvendo o CHEGA.
Um vídeo originário da Síria com uma estátua da Virgem Maria, datado de 2013 e divulgado na campanha eleitoral das europeias nas redes sociais do CHEGA, foi considerado como desinformação pelos especialistas
E André Ventura, líder do CHEGA, foi o primeiro líder político em Portugal cuja voz foi manipulada por inteligência artificial (IA) num vídeo de publicidade enganosa com conteúdo político, num caso claro de desinformação com motivação económica.
“A tentação de utilizar dimensões desinformativas”, que deram sucesso ao CHEGA nas redes sociais, teve como consequência “ser a vítima central da desinformação nestas eleições”.
O partido de Ventura e os seus candidatos “foram mais atacados” pela via desinformativa, disse Gustavo Cardoso.
O MediaLab e a Comissão Nacional de Eleições assinaram um protocolo para o período da campanha das europeias, e a que a Lusa se associou, com o objetivo de detetar e prevenir eventuais notícias falsas até ao dia da votação.