“Francamente, a total falta de responsabilidade por uma catástrofe provocada pelo homem é espantosa”, afirmou a coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, numa declaração emitida na véspera de se assinalar o 4.º anivrsário da tragédia, que também deixou mais de 6.500 pessoa feridas e alguns bairros de Beirute devastados.
Jeanine Hennis-Plasschaert observou que “seria de esperar que as autoridades competentes trabalhassem incansavelmente para levantar todas as barreiras políticas e estruturais” à investigação, contudo, alerta e denuncia que “está a acontecer o contrário”.
Hennis-Plasschaert reitera, por isso, o apelo da ONU a uma investigação imparcial, exaustiva e transparente.
A investigação judicial lançada no país logo após a explosão tem sido continuamente obstruída por antigos altos funcionários suspeitos de negligência no caso e, com poucos progressos realizados, foi suspensa indefinidamente no final de 2021.
Desde então, tanto o primeiro-ministro libanês, Hasan Diab, como o antigo Presidente da República, Michel Aoun, reconheceram que sabiam da existência de centenas de toneladas de nitrato de amónio armazenadas durante anos no porto de Beirute sem medidas de segurança.
Este produto químico, utilizado como fertilizante mas também para o fabrico de explosivos, incendiou-se, provocando uma enorme deflagração que arrasou bairros inteiros da capital libanesa.