Numa missiva hoje enviada a Ursula von der Leyen e divulgada na rede social X (antigo Twitter), Thierry Breton afirma que, apesar de ter voltado a ser a escolha de França para o colégio de comissários no novo mandato do executivo comunitário, “há alguns dias, na reta final das negociações”, a responsável solicitou ao país que “retirasse o [seu] nome”.
De acordo com Breton, Von der Leyen fê-lo “por razões pessoais que em nenhum caso discutiu diretamente” consigo, oferecendo “como contrapartida política uma pasta alegadamente mais influente para a França no futuro colégio”.
Por essa razão, “ser-lhe-á agora proposto um candidato diferente”, diz o responsável à anterior ‘chefe’, anunciando que, por isso, não pode continuar a exercer as suas funções como comissário europeu do Mercado Interno e apresenta a sua demissão “com efeitos imediatos”.
“Ao longo dos últimos cinco anos, esforcei-me incansavelmente por defender e promover o bem comum europeu, acima dos interesses nacionais e partidários, e foi uma honra”, refere Thierry Breton, criticando a “liderança questionável” de Ursula von der Leyen.
Esta alteração do candidato francês para o futuro colégio de comissários pode afetar a apresentação da equipa da responsável alemã para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que estava prevista para terça-feira, já depois de um adiamento de uma semana causado pela mudança, por parte da Eslovénia, de um candidato para uma candidata, pela ambicionada paridade.
Fontes europeias ouvidas pela Lusa indicaram que, exatamente para esta manhã, estava marcada uma reunião dos embaixadores dos Estados-membros junto da União Europeia (EU) para fechar a lista de propostas sobre a nova equipa de Von der Leyen.
Depois de ter começado, no final de agosto, a entrevistar os nomes propostos pelos Estados-membros da UE para comissários europeus, Ursula von der Leyen tinha previsto apresentar na semana passada a sua proposta de equipa e de atribuição de pastas, mas a divulgação passou a estar prevista para esta terça-feira, na cidade francesa de Estrasburgo, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu.
A presidente da Comissão Europeia, que lidera a instituição desde 2019 e vai agora iniciar um segundo mandato até 2029, estipulou como um dos objetivos para o seu colégio de comissários a paridade, mas inicialmente a maioria dos países avançou com nomes masculinos para candidatos, o que, de acordo com fontes europeias, levou a pressões junto de países – como a Eslovénia e a Roménia –, que voltaram atrás nas propostas e avançaram antes com nomes femininos.
Portugal propôs a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque.
De momento, 11 dos 28 nomes propostos para comissários europeus no próximo ciclo institucional eram mulheres (sendo que a Bulgária apresentou dois nomes, de um homem e de uma mulher, algo que tinha sido pedido por Von der Leyen). Aguarda-se a nova proposta francesa.
Em outubro, devem realizar-se as audições públicas no Parlamento Europeu aos nomes propostos para novos comissários europeus, cabendo à assembleia europeia dar o aval final em plenário para, mais tarde, a nova Comissão Europeia tomar posse, o que deve acontecer ou em novembro ou em dezembro.