Na passada sexta-feira, 22 de novembro, primeiro dia de discussão e votação na especialidade do Orçamento de Estado para 2025, o partido CHEGA apresentou a proposta 464. Esta previa o reconhecimento das profissões de desgaste rápido para motoristas de veículos pesados de mercadorias e passageiros, bem como para maquinistas.
A proposta foi submetida a votação e acabou por ser rejeitada. Os votos contra vieram do PSD e CDS, enquanto PS, IL, PCP e Livre optaram pela abstenção. Apenas CHEGA, BE e PAN votaram a favor. Insatisfeito com este resultado, o CHEGA decidiu avocar a proposta, levando-a novamente a plenário para discussão e nova votação no dia seguinte. Contudo, o desfecho manteve-se inalterado.
Não surpreende que o governo liderado pela AD (Aliança Democrática) tenha votado contra. Afinal, este é o mesmo governo cujo ministro da Presidência, Leitão Amaro, chegou a justificar acidentes ferroviários com o consumo de álcool por parte dos maquinistas, sem que haja qualquer registo de acidentes ferroviários devido a essa causa. Este tipo de declaração só reforça a falta de consideração e respeito pelas dificuldades enfrentadas por esta classe de trabalhadores.
Por outro lado, é profundamente dececionante observar a abstenção de partidos que frequentemente se apresentam como defensores dos trabalhadores. O Livre e o PCP, que tantas vezes afirmam ser os verdadeiros porta-vozes das lutas laborais, não aproveitaram esta oportunidade para demonstrar na prática o seu compromisso com quem alegam representar.
O partido Socialista, por sua vez, mais uma vez confirmou a sua hipocrisia política. Durante as campanhas eleitorais, fazem promessas ambiciosas e exibem proximidade com os trabalhadores, mas na hora de tomar decisões em plenário, revelam prioridades bem diferentes. O líder do PS, PNS, ao assumir a liderança do partido, foi rápido a visitar os ferroviários, deslocando-se às instalações da CP em Guifões e expressando o seu “grande apreço” por esta classe. No entanto, quando teve a oportunidade de traduzir esse apreço em ações concretas — como reconhecer os maquinistas como uma profissão de desgaste rápido —, preferiu refugiar-se na abstenção, frustrando um anseio legítimo e de longa data desta classe.
Esta situação expõe não só a incoerência de alguns partidos, mas também uma falha mais ampla do sistema político em reconhecer e valorizar profissões cuja natureza implica um desgaste físico e psicológico significativo.
Motoristas de pesados e maquinistas desempenham um papel crucial na economia e na segurança do transporte público e de mercadorias, enfrentando condições exigentes e muitas vezes ingratas. Ignorar essas realidades é perpetuar uma injustiça que afeta diretamente a qualidade de vida desses trabalhadores.
A rejeição da proposta 464 não é apenas uma decisão técnica no âmbito do orçamento, mas um reflexo da falta de vontade política para responder às necessidades reais de quem sustenta setores fundamentais da nossa sociedade. Fica claro que muitos partidos ainda privilegiam o cálculo político em detrimento do bem-estar dos trabalhadores que dizem representar.
Fica evidente que o único partido que verdadeiramente se preocupa com os motoristas e maquinistas é o partido CHEGA, que já demonstrou que não desistirá deste assunto enquanto a justiça não for feita.