Portugal não deve reconhecer presidente de Moçambique até haver “certeza”

O líder do CHEGA, André Ventura, defendeu hoje que Portugal não deve reconhecer o novo Presidente de Moçambique até estarem dissipadas as suspeitas sobre os resultados das eleições gerais de 09 de outubro.

© Folha Nacional

À margem de uma visita a um espaço em Lisboa que apoia vítimas de violência doméstica, André Ventura considerou “uma má solução” que a representação de Portugal na posse de Daniel Chapo, na quarta-feira, seja assegurada pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

“Nada obsta a que Portugal esteja presente, mas se vai estar alguém presente do Governo português deve deixar claro em Moçambique e para os moçambicanos que o que aconteceu é um ataque à liberdade, que nós não devíamos reconhecer este Presidente até termos a certeza do que aconteceu”, afirmou.

O presidente do CHEGA afirmou que “o Estado português tem de manter relações com Moçambique” por ser “um dos Estados mais próximos e uma antiga colónia portuguesa”, mas considerou que deve “ser firme com o novo governo mesmo que isso implique alguma ligeireza” nas relações entre os dois países.

“Moçambique neste momento é corrupção, Moçambique neste momento é violência, Moçambique neste momento é burla política. Portugal não deve estar associado a isso, portanto, se Paulo Rangel lá vai, espero que quando estiver com a imprensa portuguesa, moçambicana e internacional possa dizer isso”, defendeu.

André Ventura comparou a situação em Moçambique ao que se passou na Venezuela e considerou que “há um grupo de pessoas ligadas ao poder durante anos, alimentadas também pela classe política portuguesa – é preciso dizer que a Frelimo foi alimentada pela classe política [portuguesa], quer o PS, quer o PSD e o PCP durante muitos anos – e que não quer sair do poder sob nenhum pretexto, quer ficar no poder a todo o custo”.

Na ocasião, o presidente do CHEGA confirmou também ter sido convidado, à semelhança de outros líderes partidários europeus da mesma área política, para a tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, um “convite pessoal e intransmissível”, mas disse ainda não ter decidido se irá estar presente.

Na sexta-feira, o parlamento português aprovou, na generalidade, uma recomendação ao Governo para que não reconheça os resultados das eleições de 09 de outubro em Moçambique “devido às graves irregularidades e fraudes denunciadas e documentadas”, com votos a favor de CHEGA, IL, BE e Livre, abstenções de PS, PSD e CDS-PP e votos contra do PCP.

O Conselho Constitucional de Moçambique, proclamou Daniel Chapo como vencedor das contestadas eleições de 09 de outubro. Segundo aquele órgão, o candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) – partido no poder desde a independência do país, em 1975 – venceu com 65,17% dos votos a eleição para Presidente da República.

Nas eleições gerais de 09 de outubro os moçambicanos votaram para eleger a Assembleia da República, assembleias e governadores provinciais e Presidente da República. O processo eleitoral foi criticado por observadores internacionais, que apontaram várias irregularidades, e gerou violência e protestos nas ruas, incitados por Venâncio Mondlane, candidato a Presidente que teve o apoio do partido Podemos e que reclamou vitória.

Os deputados eleitos pelos partidos da oposição Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático de Moçambique (MDM) não estiveram hoje presentes na cerimónia de tomada de posse da nova Assembleia da República de Moçambique.

Últimas de Política Nacional

O partido CHEGA vai realizar uma manifestação “contra o travão à Lei de Estrangeiros” no próximo dia 6 de setembro, pelas 15h00, com início no Centro de Congressos de Lisboa e término no Palácio de Belém. A iniciativa tinha sido inicialmente marcada para 24 de agosto, mas foi adiada em solidariedade com as vítimas dos incêndios que devastaram o país.
O CHEGA afirmou hoje que o Governo pretende adiar para outubro a aprovação final da revisão da lei da nacionalidade, dando prioridade ao processo para sanar as inconstitucionalidades apontadas pelo Tribunal Constitucional na lei de estrangeiros.
A Câmara Municipal da Amadora, presidida pelo socialista Vítor Ferreira, adjudicou, por ajuste direto, uma obra de cimento de oito toneladas para celebrar Mário Soares ao artista urbano Alexandre Farto, conhecido como Vhils, pelo valor de 246 mil euros. A obra terá 2,5 metros de altura e cinco de comprimento, e será instalada na Praça da Liberdade, segundo revelou o jornal PÁGINA UM.
O Governo começa hoje a receber os partidos com assento parlamentar para discutir o Orçamento do Estado para 2026, o conflito no Médio Oriente, a lei da nacionalidade e dos estrangeiros e a criação de novas freguesias.
O CHEGA propõe aumentar as penas para quem for condenado por atear fogos florestais, prevendo a possibilidade de aplicação da pena máxima prevista no sistema português e a sua equiparação a terrorista.
A Câmara da Lousã aprovou hoje uma proposta de isenção de faturas de água para os cidadãos, empresas e coletividades com consumos extraordinários face ao combate ao incêndio que afetou aquele concelho.
O CHEGA vai questionar o primeiro-ministro e a Entidade para a Transparência, através do parlamento, sobre a oposição de Luís Montenegro ao acesso público de informação sobre imóveis que declarou, anunciou hoje o líder.
O líder do partido CHEGA, André Ventura, disse ontem que quer um Orçamento do Estado para 2026 que “reflita uma mudança de espírito de política de habitação” e propôs algumas medidas.
Vários partidos do sistema, nomeadamente o PS e o VOLT, estão empenhados em tentar impedir a presença do CHEGA nas próximas eleições autárquicas.
O Chega quer proibir a exploração económica das áreas ardidas durante 10 anos e a venda de madeira queimada, aumentar as penas para os incendiários e a criação de um fundo de apoio às famílias dos bombeiros.