Mais de nove mil pessoas exigem direitos e apoios para cuidadores informais em petição

Todos os cuidadores informais e ex-cuidadores com direito a subsídio, licenças reconhecidas e remuneradas ou descanso do cuidador gratuito são algumas das exigências da petição com mais de 9.500 assinaturas recolhidas pela Associação Nacional de Cuidadores Informais.

© D.R.

As mais de 9.500 assinaturas foram entregues hoje, no Parlamento, à vice-presidente da Assembleia da República Teresa Morais, e, no final, em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI) disse que a deputada social-democrata reconheceu que está em causa um problema social, que é necessário implementar o Estatuto do Cuidador Informal e os direitos contemplados, ao mesmo tempo que seria útil os partidos apresentarem iniciativas legislativas sobre o tema.

Liliana Gonçalves adiantou que esta petição surge com o objetivo de reconhecer todos os cuidadores informais e ex-cuidadores, salientando que, atualmente, dos cerca de 16.500 cuidadores com estatuto reconhecido, “pouco mais de 6 mil têm acesso ao subsídio”.

“Ficam excluídas as pessoas reformadas, as que trabalham a tempo parcial e que têm outro trabalho a tempo inteiro e também os cuidadores informais principais, se tiverem subsídio de desemprego, não podem aceder ao subsídio de apoio”, exemplificou a responsável.

“Nós entendemos que, independentemente da situação laboral do cuidador, todos deveriam ter acesso ao subsídio”, acrescentou.

A ANCI defende também a existência de licenças para cuidadores reconhecidas na lei, de curta ou longa duração, e que sejam remuneradas, uma vez que, atualmente, “o cuidador não tem direito a pedir licença para cuidar” e tem perda financeira.

“Pedimos que sejam reconhecidos a todos os cuidadores informais o direito ao descanso do cuidador, gratuito e que haja serviços complementares do serviço de apoio domiciliar, nomeadamente alívio de 24 horas”, defendeu Liliana Gonçalves.

Segundo a responsável, esta solução “é fulcral” para evitar que os cuidadores se vejam obrigados a por a pessoa cuidada numa rede de cuidados integrados durante 30 dias.

Caso isso seja necessário, a ANCI entende que não deve ser o cuidador a pagar, o que acontece atualmente, apesar de uma portaria de 2023 “calcular uma diferenciação positiva para os cuidadores informais com o estatuto”.

“Estamos a falar de pessoas que cuidam 24 sobre 24 e não têm dias de férias, não têm direito ao descanso. E mesmo as que estão a trabalhar para a entidade laboral, ao sábado e ao domingo, ou depois do horário laboral, continuam a ser cuidadores”, alertou.

Outra “alteração de fundo” que a associação entende ser necessária é a existência de uma carreira contributiva, assegurada pelo Estado, uma vez que a realidade atual dita que os cuidadores “não tenham qualquer desconto para a Segurança Social”.

Consequentemente, “depois não têm reforma” e correm o risco de “cair numa situação de vulnerabilidade social”.

É o caso de Liana Sousa, 58 anos, uma das cuidadoras que integrou o grupo que entregou a petição, e que é mãe de um jovem de 34 anos com paralisia cerebral, de quem cuida a tempo inteiro e por causa de quem deixou de trabalhar.

Não tem direito a reforma e recebe atualmente cerca de 300 euros de subsídio como cuidadora.

“Para o que é que serve? Para irmos duas vezes ao supermercado ou três? Ou então pagamos a água, a luz e as comunicações e mais não sei o quê e pronto, e acabou”, lamentou.

Apontou que enquanto cuidadora a tempo inteiro está fazer um trabalho a tempo inteiro e defendeu que os cuidadores sejam pagos tal como as instituições do setor social para receberem pessoas com deficiência.

A presidente da ANCI lembrou que os cuidadores informais estão a fazer “um trabalho gratuito que assegura cuidados que o Estado não consegue prestar” e, apesar de reconhecer que o atual ciclo político é difícil, apelou a todos os partidos para reconhecerem o papel do cuidador informal na sociedade.

De acordo com a responsável, as estimativas apontam para que entre 8% a 10% da população portuguesa seja cuidadora, 200 mil dos quais a tempo inteiro.

Últimas do País

A Liga Portuguesa dos Direitos do Animal (LPDA) considera que, ao contrário do que acontecia há alguns anos, hoje as pessoas sabem que "não podem e não devem" abandonar os animais, porque "há uma responsabilização".
A situação de alerta devido ao risco agravado de incêndio foi prolongada até domingo, anunciou hoje a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, após uma visita à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Um incêndio em povoamento florestal na serra da Lousã, distrito de Coimbra, acima da localidade de, está a ser combatido por mais de 240 bombeiros, disseram fontes autárquica e da Proteção Civil.
A CP - Comboios de Portugal disse à Lusa que o primeiro dos 22 novos comboios regionais encomendados à Stadler chegará ao país ainda este ano, e que a conclusão dos ensaios de homologação das primeiras automotoras ocorrerá em 2026.
Cerca de 213 bombeiros ficaram feridos este ano em serviço, 112 dos quais nos incêndios rurais das últimas três semanas, segundo um balanço feito hoje pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
Os incêndios florestais consumiriam até hoje cerca de 75.000 hectares, mais de metade ardeu nas últimas três semanas, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) apelou hoje à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) que seja mais célere a ressarcir as associações humanitárias pelas despesas com combustível e alimentação no combate aos incêndios florestais.
Dois homens de 26 e 22 anos e uma mulher de 24 foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) por indícios da prática de um crime de incêndio florestal, ocorrido numa área protegida de Almada na madrugada de terça-feira.
Perto de 1.900 operacionais estavam hoje, pelas 12:05, empenhados no combate aos cinco mais preocupantes incêndios em destaque na página da Proteção Civil na Internet, e que lavram em Arganil, Viseu, Vila Real, Tabuaço e Trancoso.
O trânsito encontra-se cortado hoje de manhã na Estrada Nacional (EN) 323, nos dois sentidos, entre as localidades de Távora e Granjinha, no distrito de Viseu, devido à ocorrência de fogos rurais na região, segundo a Guarda Nacional Republicana.