Gulf Med culpa Governo e INEM por atrasos no concurso de helicópteros emergência

A empresa que está a assegurar o transporte aéreo de emergência culpa Governo e INEM pelos atrasos no concurso e diz que se os prazos tivessem sido cumpridos todos os meios estariam no terreno a 01 de julho.

© INEM

Num artigo publicado hoje no Observador, o presidente da Gulf Med Aviation Servisses, Simon Camilleri, diz que todo o processo decorreu de “forma atropelada”, começando nos dois meses de atraso no lançamento do concurso público internacional, que deveria ter sido lançado até 30 de setembro de 2024 e apenas o foi a 22 de novembro de 2024.

Numa cronologia dos factos, recorda que o período de análise das propostas foi de janeiro a março de 2025, quando “deveria ter terminado em janeiro”, o contrato foi assinado a 21 de maio e o visto do tribunal de contas apenas ocorreu a 30 de junho, um dia antes do início das operações.

“Assim, é evidente para todos os envolvidos – desde que estejam de boa-fé, tal como sempre estivemos — que os prazos com que este processo se desenrolou tornaram complexo o início da atividade a 1 de julho”, escreve o responsável, sublinhando que a empresa “foi sempre transparente sobre as dificuldades técnicas e regulamentares que os prazos apertados vieram acrescentar” a um projeto que já era “de grande complexidade”.

Recorda que quando se tornou evidente que não haveria condições para iniciar a operação com os quatro helicópteros H145 (previstos no concurso) no dia 1 de julho, o próprio INEM decidiu lançar um ajuste direto para o período transitório.

Lembra que das 14 empresas consultadas pelo INEM para esta solução temporária, a Gulf Med foi a única que se dispôs a encontrar uma resposta – “mesmo que transitória e com as limitações operacionais decorrentes dos recursos disponíveis” – e acrescenta que uma das empresas que tinha concorrido disse que não conseguiria, em menos de cinco a seis meses, reunir os recursos humanos e materiais necessários ao cumprimento do caderno de encargos.

“Esta situação confirma que mesmo os operadores já estabelecidos no mercado português reconhecem a complexidade e os prazos necessários para montar uma operação desta envergadura”, escreve Simon Camilleri.

O CEO da Gulf Med sublinha que se o concurso tivesse seguido um cronograma atempado, com assinatura do contrato em janeiro de 2025, a empresa teria tido tempo para alocar todos os meios necessários (helicópteros e pilotos).

Diz ainda que a avaliação de risco obrigatória para operações de helicópteros de emergência médica, exigida pela regulamentação europeia, requer um determinado período de tempo para ser completada e aprovada pelas autoridades aeronáuticas competentes e que, todos estes procedimentos “são obrigatórios” e “não podem ser abreviados ou antecipados”.

“Muito menos definidos sem a existência de um contrato válido e em vigor, onde fiquem acordados os parâmetros específicos em que se vai desenvolver essa operação”, acrescenta o responsável, para concluir que “é preferível um início faseado e seguro do que um arranque precipitado que ponha em risco vidas humanas”.

Reconhece que a Gulf Med não tinha helicópteros e pilotos especificamente para esta operação no momento da adjudicação, mas lembra que nenhuma empresa responsável os teria porque é “economicamente inviável e operacionalmente desnecessário manter recursos desta magnitude sem contratos confirmados”.

Contudo, assume que a Gulf Med “estava perfeitamente preparada” para cumprir todos os compromissos assumidos com a proposta apresentada no concurso público e sublinha que o que falhou “não foi a preparação” da empresa adjudicatária, “mas sim o ‘timing’ de todo o processo de contratação pública”.

Condenando as criticas a que a empresa tem sido sujeita nos últimos tempos, o responsável insiste que “face à complexidade regulamentar e aos atrasos no processo”, a Gulf Med “foi a única empresa que se dispôs a encontrar uma solução”.

“Como empresário, poderia ter-me escudado atrás de questões burocráticas e não assumido qualquer compromisso”, escreve o CEO da Gulf Med, concluindo: “Isso merece reconhecimento, não críticas infundadas”.

Segundo os dados divulgados na sexta-feira oelo INEM, os meios aéreos de emergência médica realizaram nos primeiros 15 dias de julho 29 missões, das quais cinco com o dispositivo da Força Aérea Portuguesa (FAP).

A FAP está desde o início de julho a colaborar no transporte aéreo de emergência, uma solução transitória face à impossibilidade de a empresa a quem foi adjudicado o serviço (Gulf Med), por 77 milhões de euros, arrancar com a operação completa em 01 de julho.

Últimas do País

Portugal continental vai registar nos próximos dias um aumento das temperaturas máximas, que deverão atingir entre 30 e 35 graus em várias regiões, no fim de semana, anunciou hoje o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Mais de 4.000 crianças do primeiro ciclo correm o risco de começar as aulas sem professor, alertou hoje a Fenprof, que estima em 276 mil os alunos que poderão ser afetados pela falta de docentes.
A Comissão Europeia propõe quase 6 mil milhões de euros em empréstimos para a área da defesa a Portugal, de acordo com a informação divulgada esta terça-feira, de um total de 150 mil milhões de euros.
Um homem de 31 anos foi detido pela Polícia Judiciária, em Oeiras, suspeito de ter violado a sua colega de casa, uma mulher de 34 anos, na primeira noite em que passaram a viver na mesma habitação, avança o jornal SOL.
Imigrante de 44 anos, de nacionalidade tunisina, foi detido pela PSP na madrugada do passado domingo, na rua António Granjo, no Porto, depois de ser surpreendido a tentar assaltar uma residência.
O presumível autor de dois incêndios florestais no concelho de Seia, ocorridos no sábado, ficou em prisão preventiva.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve em Almada, distrito de Setúbal, um cidadão estrangeiro procurado pelas autoridades brasileiras por abuso sexual da própria filha quando esta tinha dois anos de idade.
Quatro em 10 portugueses entre os 25 e 64 anos só conseguem compreender textos simples e curtos, segundo um relatório divulgado hoje que mostra Portugal entre os países com níveis mais baixos de proficiência em literacia.
O Tribunal de Braga condenou um funcionário da Direção Municipal de Urbanismo de Braga a uma pena suspensa de cinco anos de prisão por 18 crimes de abuso de poder e por corrupção ativa, por "facilitar" licenciamentos.
O movimento Portugal Sem Chamas, criado para apoiar as vítimas dos incêndios deste verão, lançou uma campanha para incentivar o turismo e apoiar a economia local nas áreas afetadas, intitulada "Não deixes o interior às moscas".