A 12.ª edição da Corrida Solidária Muçulmana, realizada no passado domingo, 12 de outubro, no Victoria Park, em Londres, está a ser alvo de forte contestação pública após ter sido denunciada a exclusão de mulheres do evento. Promovida pela East London Mosque e pelo London Muslim Centre, a iniciativa reuniu centenas de participantes, mas restringiu a inscrição a homens e rapazes — permitindo apenas a participação de raparigas com menos de 12 anos.
Avança o Observador que o caso gerou indignação na sociedade britânica e levou o Ministro das Comunidades, Steve Reed, a pronunciar-se de forma contundente. Em declarações à rádio LBC, citadas pelo The Guardian, o governante afirmou estar “horrorizado” com o sucedido, classificando a decisão como “absolutamente inaceitável”. “Não queremos viver num país onde os homens têm liberdade para fazer coisas que são negadas às mulheres. Isso é algo que simplesmente não podemos tolerar”, sublinhou.
O evento, com um percurso de cinco quilómetros, foi apresentado como uma ação solidária de angariação de fundos para causas sociais, tanto no Reino Unido como no estrangeiro. Contudo, a restrição à participação feminina levantou sérias dúvidas sobre a compatibilidade entre determinadas normas culturais e os princípios de igualdade consagrados na lei britânica.
A Comissão para a Igualdade e os Direitos Humanos (EHRC) confirmou estar a analisar o caso, perante a possibilidade de violação da Equality Act 2010, que protege os cidadãos contra discriminação em espaços públicos e no local de trabalho. Um porta-voz da EHRC adiantou que situações desta natureza são avaliadas cuidadosamente e que, sempre que necessário, são tomadas medidas adequadas.
Também a Câmara Municipal de Tower Hamlets, concelho onde decorreu a corrida, esclareceu que não teve qualquer envolvimento na organização do evento. Ainda assim, garantiu ter contactado a East London Mosque para obter esclarecimentos, reafirmando o seu compromisso com a promoção de atividades inclusivas e acessíveis a toda a população.
Face à polémica, a organização emitiu um comunicado em que defende o seu histórico de envolvimento comunitário e de promoção de estilos de vida saudáveis. A East London Mosque afirma “encorajar a participação das mulheres em atividades desportivas” e sublinha que a corrida em causa é “apenas uma entre várias iniciativas que promovem a saúde e o bem-estar”. A instituição garante ainda que continuará a ouvir a comunidade e a desenvolver programas que respondam às necessidades de todos.