O cenário descrito revela-se em vários indicadores: enquanto o número de idosos aumenta de forma acelerada, os lares, centros de dia, residências e equipas de cuidado domiciliário não acompanham o ritmo, deixando um vazio no sistema de apoio a quem tanto contribuiu à vida social e económica do país.
Os especialistas ouvidos pelo Jornal Público sublinham que se trata de uma convergência de factores críticos: envelhecimento populacional, fuga de profissionais para outros sectores ou países, salários pouco competitivos e falta de atratividade dos percursos de carreira nos cuidados à terceira idade. Tudo isto, num contexto em que as camas em unidades residenciais ou de internamento diminuem ou estagnam face ao crescimento da procura.
Este desequilíbrio tem consequências legíveis: aumento das listas de espera para admissão em lar ou centro de dia, maior pressão sobre os hospitais e os cuidados de enfermagem, e famílias que assumem sozinhas encargos crescentes, muitas vezes sem apoio qualificado.
Para inverter o rumo, vários actores do sector defendem medidas urgentes: reforço da formação e valorização dos profissionais de cuidados, incentivos à criação de novas infraestruturas residenciais, e uma clara política pública que alinhe recursos humanos, financiamento e planeamento demográfico. Caso contrário, o país arrisca-se a ver o envelhecimento não apenas como um marco social — mas como uma crise de sustentabilidade do seu sistema de bem-estar.