Cinemateca acolhe novo encontro CinEd para pensar através das imagens em movimento

A Cinemateca Portuguesa acolhe esta semana, em Lisboa, um novo encontro do projeto europeu CinEd, que forma professores e ensina os mais novos a pensar através imagens em movimento, como explicou à Lusa uma das coordenadoras, Teresa Garcia.

Em Lisboa vão estar, entre hoje e sexta-feira, cerca de 40 representantes dos parceiros do programa, de mais de uma dezena de países, para debaterem os recursos pedagógicos e os filmes escolhidos do CinEd, para as sessões que serão planeadas para professores, com alunos entre os seis e os 19 anos.

A existência do projeto CinEd passa por uma plataforma digital, na qual estão disponíveis filmes do cinema europeu, entre longas e curtas-metragens, de cinema europeu, acessíveis para professores e alunos, juntamente com os respetivos cadernos e conteúdos pedagógicos.

O CinEd inclui também a realização de sessões de cinema em sala. Da coleção de filmes disponibilizados fazem parte as obras portuguesas “Aniki Bobó”, de Manoel de Oliveira, “O Sangue”, de Pedro Costa, e “Uma pedra no bolso”, de Joaquim Pinto.

Criado em 2015, sob coordenação do Instituto Francês, com financiamento do programa Europa Criativa, o CinEd é liderado desde 2020 pela Cinemateca Portuguesa, com a parceria da associação Os Filhos de Lumière, num consórcio que reúne países como Espanha, Itália, Lituânia, Finlândia, Alemanha, Croácia e Turquia.

A Cinemateca lidera o projeto até 2024, mas o arranque ficou marcado pela pandemia da covid-19, o que restringiu a capacidade de trabalho dos pedagogos, formadores, professores e alunos envolvidos.

“Mudou a forma de trabalhar. Nos cinco anos anteriores havia muitos encontros, foram construindo recursos pedagógicos em conjunto, e durante este período [da pandemia] foi muito difícil. Começa agora a haver encontros presenciais, que são fundamentais”, sublinhou Teresa Garcia, da associação Os Filhos de Lumière.

Segundo Teresa Garcia, desde 2015 o CinEd em Portugal envolveu 640 professores, cerca de 90 mediadores culturais e nove mil alunos.

Para a cofundadora da associação cultural Os Filhos de Lumière, tem havido mais interesse dos professores em fazer formações sobre educação cinematográfica, e há mais estudantes que, enquanto retorno de sessões já experimentadas, dizem que “passam a ver o cinema de outra maneira”.

“Isto não é ensino de cinema é educação para o cinema. Isto tem uma enorme diferença. A educação é mais uma abertura, é ensinar a ver. (…) É olhar para tudo, é até olhar para um cartaz. [Eles] Estão a criar relações entre as coisas, entre as imagens e aquilo que lá está. E isto serve para tudo. Para nós é o cinema, mas para eles é também uma linguagem que tem uma matéria específica que tem imagens e sons”, sublinhou Teresa Garcia.

A coordenadora recorda que no CinEd são abordadas questões que acompanham a atualidade. “Têm a ver com o crescimento, com o mundo, a forma de agir, com tudo o que tem a ver com racismo, xenofobia, tudo isso é visto no filme”.

Hoje, no arranque dos trabalhos em Lisboa, haverá uma mesa-redonda com o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, o realizador e professor Vítor Gonçalves, representantes do CinEd, de Os Filhos de Lumiére, e será exibido “O Sangue”, de Pedro Costa.

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