A taxa de inflação vai cair para 5,9% em 2023 e para 3,1% em 2024, prevê o Conselho das Finanças Públicas (CFP), mas alerta para riscos como a guerra na Ucrânia.
No relatório sobre as perspetivas económicas e orçamentais 2023-2027, divulgado hoje, a instituição presidida por Nazaré da Costa Cabral, aponta, num cenário de políticas invariantes, para uma redução gradual das pressões inflacionistas ao longo deste ano e do próximo.
Nas previsões feitas antes da turbulência a que se assistiu nos últimos dias na banca e da mais recente decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), o CFP estima que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) caia para 5,9% em 2023 e 3,1% em 2024.
“A normalização da política monetária por parte do Banco Central Europeu, assim como o progressivo desvanecimento das restrições na oferta deverão contribuir para a redução das pressões inflacionistas ao longo do horizonte de projeção”, assinala.
No entanto, a instituição alerta que a perspetiva poderá ser afetada por alguns riscos, como a escalada do conflito na Ucrânia, que poderá contribuir para o recrudescimento do preço das matérias-primas energéticas.
Entre os riscos incluem-se também o aumento do preço das matérias-primas devido ao processo de reabertura da China, bem como a desancoragem das expetativas de inflação de médio-prazo por parte dos agentes económicos.
Outro dos riscos que aponta é a transmissão da dinâmica inflacionista às componentes menos voláteis, contribuindo para a subida e enraizamento da inflação subjacente, e consequentemente o retardamento do processo desinflacionista.
O CFP defende que caso estes riscos se materializem poderão verificar-se novas subidas das taxas de juros pelos bancos centrais, levando a outros riscos para a atividade económica, afetando o financiamento de países com elevado financiamento.
Novos aumentos também poderão ter impactos diretos, considerando que a atividade económica dos principais parceiros comerciais portugueses irá desacelerar, “prejudicando as exportações nacionais”.
“O surgimento de eventos de crédito num contexto de maior subida das taxas de juro poderia ainda contribuir para um agravamento das condições de financiamento da generalidade das economias, levando a um abrandamento da atividade económica mais pronunciado do que o previsto atualmente”, acrescenta.