Cerca de duas centenas de pessoas concentraram-se hoje, em frente ao Centro de Saúde de Sepins, em Cantanhede, no distrito de Coimbra, por falta de médico de família.
“Escutámos algumas pessoas e o grupo organizou-se para que se marcasse este encontro. Vamos exigir os direitos que temos”, disse, hoje, aos jornalistas, Áurea Matias uma das organizadoras da manifestação.
A Extensão de Saúde de Sepins tem afetos cerca de 1.700 utentes, da União de Freguesias de Sepins e Bolho e de localidades próximas, como por exemplo, Ourentã e Lapa.
A Extensão de Saúde de Bolho tem sido a “mais complicada”, já que os doentes têm “andado a saltitar Bolho — Murtede – Sepins”, por não terem médico de família.
O serviço de enfermagem desta extensão funciona apenas três vezes por semana.
A Extensão de Saúde de Sepins, desde julho de 2022, que apenas tem um médico duas vezes por semana, de manhã ou de tarde.
A este local vêm diferentes médicos, para consultas de diabetes, saúde materna e infantil, deixando os doentes sem todas as outras consultas.
“Vem um [médico] agora e outro depois, não consegue acompanhar a evolução das doenças e os problemas das pessoas”, afirmou o presidente da União de Freguesias de Sepins e Bolho, Luís Arromba.
De acordo com o autarca, este problema tem vindo a agravar-se uma vez que se começou a “amontoar” o pedido de prescrição de medicamentos, assim como o atraso na análise de exames médicos.
“A situação chegou a um ponto crítico, de tal modo que há utentes com exames médicos realizados há mais de três meses, sem serem vistos por ninguém”, frisou, Áurea Matias.
Durante a concentração foi dado nota de que, os utentes dispõem apenas de uma vaga para consulta de doentes agudos, no Centro de Saúde de Cantanhede, obrigando à sobrecarga dos serviços de urgência.
Áurea Matias referiu que a comissão de utentes teve conhecimento de que foram admitidos dois médicos de família afetos à sede em Cantanhede, deixando “a descoberto” a Extensão de Saúde de Sepins, a que tem mais utentes e com maior necessidade de cuidados de saúde, por ser maioritariamente envelhecida.
Além da falta de médicos, a Extensão de Saúde de Sepins não tem assistente operacional, a não ser no período pós-encerramento, para retirar o lixo e higienizar o espaço.
Já em Murtede, a situação é semelhante à de Sepins, com consultas pelo médico de família duas vezes por semana.
“Esta zona está completamente abandonada pelo Serviço Nacional de Saúde [SNS]”, sublinhou.
A comissão frisou que a população tem só o serviço de urgência do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
Os cidadãos prometem continuar a manifestar-se, caso a situação não seja resolvida.