Testemunhas vão depor por videoconferência no julgamento do homicídio do agente Fábio Guerra

As testemunhas abrangidas pelo regime de proteção no âmbito do caso do homicídio do agente da PSP Fábio Guerra, em março de 2022, em Lisboa, vão depor em julgamento através de videoconferência, segundo a decisão do tribunal.

O despacho do tribunal, datado de segunda-feira e a que a Lusa teve acesso, validou o pedido de realização por videoconferência dos interrogatórios destas testemunhas defendido pelo Ministério Público (MP), que citou a informação apurada pela Polícia Judiciária (PJ) durante o inquérito e que referia que as testemunhas tinham expressado receio de falar sobre os factos e os suspeitos “por temerem sofrer represálias”.

Nesse sentido, o Juízo Central Criminal de Lisboa rejeitou a oposição manifestada pelas defesas dos arguidos Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko, que tinham colocado em causa a existência de alegados factos concretos que sustentassem os receios das testemunhas e que pudessem justificar os interrogatórios feitos à distância em julgamento.

“A situação não exige um perigo concretamente materializado, mas um perigo que, nas circunstâncias e contexto do caso, se afigure como sendo possível”, pode ler-se no documento.

De acordo com o despacho, que lembra a criminalidade violenta na qual se enquadra este caso, seria melhor “que as testemunhas se não cruzassem com os arguidos, a fim de não se sentirem constrangidas em depor na sua presença”. São ainda citadas notícias da comunicação social relativamente a alegadas ameaças ao Almirante Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada, que na altura defendeu o afastamento dos dois fuzileiros acusados neste processo.

“Encontram-se em investigação factos que se reportam a ameaças efetuadas no âmbito do objeto dos presentes autos, ainda que o facto que as indiciariamente as origina se prenda, porventura, com outros atores e outro contexto”, indica o despacho.

As defesas dos arguidos assinalaram também uma violação do princípio de imediação num cenário de interrogatórios à distância e o seu especial impacto num tribunal de júri (em que quatro jurados se juntam ao coletivo de três juízes), mas o tribunal desvalorizou a argumentação, fundamentando com o exemplo da atividade da justiça durante a pandemia de covid-19.

“O nosso sistema processual consagra, em determinadas situações, a violação do aludido princípio processual, mesmo sem a anuência de todos os intervenientes, porque se considera que outros valores se sobrepõem”, referiu, sentenciando: “Um breve olhar para a recente pandemia e a realização dos Julgamentos por meios à distância deita por terra a invocada impossibilidade de valoração da prova sob o princípio da imediação e descoberta da verdade”.

Por último, o tribunal pediu esclarecimentos sobre a alegação da defesa de Cláudio Coimbra de que o arguido teria tido acesso às moradas das testemunhas sob proteção. “Esclareça a Secção quando e em que circunstâncias foi o arguido notificado das moradas das referidas testemunhas”, refere o despacho.

O agente Fábio Guerra, de 26 anos, morreu a 21 de março de 2022, no Hospital de São José, em Lisboa, devido às “graves lesões cerebrais” sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome, em Alcântara.

Em setembro passado, o MP acusou os ex-fuzileiros Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko de um crime de homicídio qualificado, três crimes de ofensas à integridade física qualificadas e um crime de ofensas à integridade física simples.

Últimas do País

O Tribunal de Coimbra condenou hoje quatro de nove arguidos acusados de tráfico de drogas, entre 2021 e 2023, a penas efetivas de prisão, entre cinco e sete anos.
A discussão da lei sobre violência obstétrica baixou hoje à especialidade sem votação, na sequência da aprovação de dois requerimentos para debater os projetos de lei do CDS-PP e do Livre.
O Parlamento aprovou hoje a criação de uma comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas e de gestão do INEM nos últimos anos, na sequência de uma proposta apresentada pela bancada da Iniciativa Liberal (IL).
Seis urgências vão estar encerradas no sábado e sete no domingo, sendo uma de Pediatria e as restantes de Ginecologia e Obstetrícia, indica o Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) consultado pela Lusa às 12:00 de hoje.
Quarenta e nove pessoas foram detidas em Portugal e Espanha numa operação de combate ao narcotráfico da GNR com a cooperação da Guardia Civil espanhola, na qual também foram apreendidas 18 lanchas no valor de oito milhões de euros, foi hoje revelado.
Um homem residente em Sintra ficou em prisão preventiva por decisão judicial, por estar "fortemente indiciado" por 15 crimes de abuso sexual da sua enteada, na residência familiar, informou hoje o Ministério Público (MP).
A Polícia Judiciária (PJ) deteve três suspeitos de roubar e sequestrar, com recurso a arma de fogo, um homem de 55 anos em Palmeira, Braga, foi hoje anunciado.
O cidadão argentino evadido de Vale de Judeus e recapturado em fevereiro no sul de Espanha, Rodolfo Lohrmann, foi hoje entregue à Polícia Judiciária (PJ), estando já na prisão de alta segurança de Monsanto, adiantou esta polícia.
A falta de climatização em vários serviços do Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia, levou hoje o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses a reivindicar a resolução do problema para evitar a "proliferação de infeções".
O piloto do helicóptero que caiu no rio Douro em agosto de 2024, vitimando cinco militares da GNR, foi constituído arguido e está indiciado por homicídio negligente e condução perigosa de meio de transporte, anunciou hoje a Polícia Judiciária.