MP acusa funcionários da Câmara de Pedrógão Grande por desvio de dinheiro

© Facebook/MunicipioPedrogaoGrande

O Ministério Público (MP) acusou dois funcionários e uma ex-trabalhadora da Câmara de Pedrógão Grande de crimes de peculato, falsificação de documento e branqueamento, por alegado desvio de dinheiro da autarquia, segundo o despacho consultado pela agência Lusa.

No despacho de acusação, o MP referiu que, “no ano de 2013, de comum acordo”, o então chefe da Divisão Administrativa e Financeira, a antiga tesoureira e a responsável da contabilidade (que, entretanto, deixou a Câmara) decidiram apoderar-se de dinheiro do município e usá-lo em “proveito próprio”.

Ao chefe de divisão competia o controlo do fundo de maneio deste município do distrito de Leiria, “cujo valor não poderia ser superior” a 500 euros, pelo que estava obrigado a depositar nos bancos o dinheiro que ultrapassasse aquela quantia.

Porém, manteve no fundo de maneio quantias muito superiores, para, juntamente com as arguidas, “se poder apoderar de verbas” da autarquia.

De acordo com o MP, o plano dos acusados passava pelo processamento informático das ordens de pagamento/tesouraria por parte da responsável da contabilidade, “de acordo com o que haviam previamente acordado”, nomeadamente o “montante que ficaria plasmado” naquelas.

As ordens de pagamento eram depois enviadas ao chefe de divisão, que validava, e, após esta validação, eram remetidas ao presidente da Câmara ou quem o estivesse a substituir, para despacho.

Após este despacho, as ordens de pagamento eram enviadas para a tesouraria, sendo que a tesoureira ou alguém que a substituísse fazia a entrega, em dinheiro, das quantias nelas mencionadas, ao chefe de divisão, que, posteriormente, o repartia, “em partes iguais”, pelos três, ainda segundo o MP.

As ordens reportam-se, por exemplo, a “alegados pagamentos ao Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social [12.159,11 euros]”, mas “não correspondem a quantias devidas a este organismo”, e foram elaboradas para os arguidos justificarem a saída de dinheiro da caixa do município.

O mesmo sucedeu com supostas despesas da Administração Central do Sistema de Saúde (32.594,91 euros). Os valores nunca deram entrada nestas duas entidades.

Os acusados decidiram, também, elaborar e assinar “várias ordens de pagamento relativas a cauções prestadas por fornecedores de serviços para garantia de obras, como se se reportassem a devoluções [11.658,57 euros]”, mas “não correspondiam à verdade”.

O MP acusou ainda o ex-chefe de divisão de ter procedido “à montagem de documentos, através de recortes, colagens e fotocópias, tendo por base documentos referentes a pagamentos de baixo custo” à Conservatória do Registo Predial de Pedrógão Grande.

Neste caso, forjou 122 documentos, no total de 24.650,44 euros, mas os originais perfaziam “apenas 314 euros”, agindo em “concertação” com a tesoureira.

O então chefe de divisão também abasteceu pelo menos 113 vezes (4.602,93 euros) o seu carro particular, mas fazendo “constar dos respetivos recibos matrículas de viaturas” da Câmara, para, dessa forma, ser reembolsado das quantias, sendo que, neste caso, “conluiou-se” com a tesoureira.

Este arguido apresentou, igualmente, “diversos recibos referentes à compra de vários medicamentos [714,20 euros]”, fazendo constar que se destinariam à autarquia, o que não correspondia a realidade, em suposto conluio com as duas arguidas.

O MP imputou ao chefe de divisão idêntica atuação em relação a despesas de refeições (473,41 euros), neste caso com a alegada anuência da tesoureira.

Segundo o MP, os arguidos “assenhorearam-se, entre outros montantes não apurados”, de 86.539,57 euros, segundo as contas feitas pela Lusa, dinheiro que investiram e gastaram na compra de bens e serviços, e depositaram em contas de que eram titulares, “ocultando, dessa forma, a sua proveniência, e fazendo crer que era dinheiro obtido de forma legal”.

No caso do ex-chefe de divisão, retirou do Município quase 50 mil euros, enquanto as duas arguidas, cada uma, perto de 20 mil euros. O arguido devolveu ao município 6.503,20 euros e a tesoureira 6.508,20 euros, lê-se no despacho de acusação.

Ao antigo chefe de divisão, o MP imputou, em coautoria, sete crimes de peculato, sete crimes de falsificação de documento e um crime de branqueamento, iguais crimes pelos quais responde a, à data, tesoureira. Já a ex-responsável da contabilidade está acusada de quatro crimes de peculato, quatro de falsificação de documento e um crime de branqueamento, em coautoria. Todos incorrem na pena acessória de proibição do exercício de função.

Últimas de Política Nacional

O CHEGA voltou a bater de frente com o Governo após o novo chumbo ao aumento das pensões. O partido acusa o Executivo de “asfixiar quem trabalhou uma vida inteira” enquanto se refugia na “desculpa eterna do défice”.
O Ministério Público instaurou um inquérito depois de uma denúncia para um “aumento inexplicável” do número de eleitores inscritos na Freguesia de Guiães, em Vila Real, que passou de 576 inscritos nas legislativas para 660 nas autárquicas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) reconheceu hoje que foram identificadas sete escutas em que o ex-primeiro-ministro era interveniente e que não foram comunicadas ao Supremo Tribunal de Justiça "por razões técnicas diversas".
Com uma carreira dedicada à medicina e ao Serviço Nacional de Saúde, o Prof. Horácio Costa traz agora a sua experiência para a política. Médico desde 1978, especialista em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética, fundador do único serviço europeu com três acreditações EBOPRAS e professor catedrático, Costa assume o papel de ministro-sombra da Saúde pelo CHEGA com a mesma dedicação que sempre marcou a sua carreira. Nesta entrevista ao Folha Nacional, o Prof. Horácio Costa fala sobre os principais desafios do SNS, a falta de profissionais de saúde, a reorganização das urgências e a valorização dos trabalhadores.
A conferência de líderes marcou hoje para 19 de dezembro as eleições dos cinco membros do Conselho de Estado, três juízes do Tribunal Constitucional e do Provedor de Justiça, sendo as candidaturas apresentadas até 12 de dezembro.
O grupo parlamentar do CHEGA/Açores enviou hoje um requerimento à Assembleia Legislativa Regional a pedir esclarecimentos ao Governo dos Açores na sequência da anunciada saída da Ryanair da região.
A Comissão de Assuntos Constitucionais chumbou a iniciativa do CHEGA para impedir financiamento público a mesquitas, classificando-a de inconstitucional. Ventura reagiu e avisa que Portugal “está a fechar os olhos ao radicalismo islâmico até ser tarde demais”.
O ex-presidente da Câmara de Vila Real Rui Santos está acusado pelo Ministério Público (MP) de prevaricação, num processo que envolve mais cinco arguidos e outros crimes como participação económica em negócio e falsas declarações.
André Ventura disparou contra PS e Governo, acusando-os de manter um Orçamento “incompetente” que continua a “sacar impostos” aos portugueses. O líder do CHEGA promete acabar com portagens, subir pensões e travar financiamentos que considera “absurdos”.
O Parlamento começa esta quinta-feira a debater e votar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) na especialidade, numa maratona que se prolonga por cinco dias e culmina com a votação final global a 27 de novembro.