O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) criticou o plano de verão para as urgências pediátricas para Lisboa e Vale do Tejo, considerando que o encerramento provisório vai passar a definitivo devido à falta de pediatras no setor público.
“É a confirmação de que aquilo que se encara como reestruturação, na prática, continua a ser de encerramentos, já que, não apresentando soluções de contratação de médicos, naturalmente que, com o tempo, estas situações passam a ser provisoriamente definitivas e são de esperar mais encerramentos no futuro do que maior acessibilidade aos serviços de urgência”, disse à Lusa o presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha.
Segundo uma deliberação da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), oito das 14 urgências de pediatria da região de Lisboa vão estar abertas 24 horas no verão, entre julho e setembro, três vão encerrar às 21:00 e outras têm constrangimentos previstos.
Roque da Cunha sublinhou que esta decisão não está relacionada com questões das férias ou da Jornada Mundial da Juventude, que se realiza em Lisboa na primeira semana de agosto, tratando-se “sim de uma questão estrutural”, uma vez que não há pediatras no SNS.
Para o presidente do SIM, só há uma solução para evitar encerramentos dos serviços de urgência de pediatria, que passa pela contratação de mais médicos para “colmatar aqueles que se reformaram” e “aqueles que rescindiram os contratos com SNS”.
Roque da Cunha considerou também esta deliberação um “problema gravíssimo da falta de acesso a urgências pediátricas”, tendo em conta que na região de Lisboa e Vale do Tejo há cerca de um milhão de portugueses sem médicos de família e as “equipas estão nos mínimos”, mesmo nas urgências que não vão fechar no verão.
“Esta falta de acesso afeta as pessoas mais necessitadas. Apelo para que o Governo, em vez de dar ideia de normalidade, resolva este tipo de problemas, porque estamos a falar de crianças”, disse.
Em comunicado, o SIM sublinha que, “em vez de resolver a causa dos problemas do SNS, o Governo, através da Direção Executiva, aplica ‘mezinhas’, na ânsia da sua resolução político mediática, que não estrutural”.
Perante a escassez de médicos no SNS por incompetência do Governo e falta de investimento, em áreas críticas à saúde dos portugueses, e perante serviços de urgência de pediatria com recursos humanos e materiais exauridos, procede-se ao seu encerramento rotativo”, refere o sindicato, considerando tratar-se de “ilusionismo no seu pior e a política do faz-de-conta no seu melhor”.
O SIM indica ainda que “é incrível que o Governo não perceba que não é com mezinhas que se resolvem os problemas” estando “apenas a adiá-los, na esperança vã de virem a cair no esquecimento”.