Proposta para USF não valoriza desempenho e traz perda de remuneração

A associação das Unidades de Saúde Familiar (USF) criticou hoje a proposta para o novo regime jurídico e funcionamento das USF, considerando que não valoriza adequadamente o desempenho, sobretudo para os enfermeiros de família e secretários clínicos.

© D.R.

Em comunicado, a Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) diz que as contas que fez mostram que, “mesmo com aumentos de cerca de 13% na remuneração-base (previstos só para os médicos de família), há perda de remuneração para cerca de metade das atuais equipas de saúde em relação à remuneração em modelo B, se se mantiverem as atuais condições”.

Lembra que a maioria das USF já são modelo B, que a carga de trabalho é, na maior parte do tempo, “muito pesada” e insiste que esta “diminuição da remuneração pode fazer muitos profissionais acionarem a sua aposentação assim que puderem”, sublinhando que estão já nessa situação 400 médicos de família.

A USF-AN diz igualmente que, ainda mantendo o enquadramento de uma USF, a proposta “não promove o trabalho em equipa” porque “as evoluções dirigem-se essencialmente para os médicos de família, criando assimetrias dentro da equipa que, no futuro, poderão comprometer a essência de uma USF: o trabalho em equipa”.

A associação sugere igualmente que a dedicação plena seja prevista também para os enfermeiros de família e secretários clínicos, com a devida compensação remuneratória, tal como acontece para os médicos de família.

Diz ainda que a dedicação plena deve, para “colmatar a depreciação do vencimento desde 2007 e a inflação atual”, contemplar “um aumento muito superior ao previsto na proposta (atualmente no máximo cerca de 13%)” e ser uniforme para as remunerações-base em todas as posições remuneratórias e para os três grupos profissionais.

Por outro lado – acrescenta -, “mais de 150 USF de modelo A poderão não atingir o IDG (Índice de Desempenho Global) mínimo para se poderem candidatar, fruto de anos de desmotivação”.

A USF-AN diz ainda que a proposta do Governo privilegia trabalhar com comunidades portuguesas normativas e “desincentiva a equidade, ao promover o trabalho em comunidades que já têm os melhores determinantes sociais de saúde”.

“Também desincentiva a investigação e projetos inovadores (como a prescrição social e outros) ao não recompensar de todo estas componentes, ao escolher usar como índice o IDE (Índice de Desempenho da Equipa) e não o IDG”, acrescenta.

Insiste que o novo equilíbrio entre vida pessoal/familiar e profissional, com salários dignos, um maior grau de previsibilidade remuneratória, flexibilidade e objetivos realistas, “tem de ser para toda a equipa e de modo a contrabalançar o decréscimo de cerca de 25% do poder de compra dos profissionais das USF desde 2007, ano em que foi publicado o primeiro decreto-lei das USF”.

A associação defende igualmente que a proposta “oculta uma parte da lei”, ao remeter “matérias importantes” para futuros despachos ou portarias: “Estas devem ser apresentadas no mesmo momento de forma a evitar surpresas no futuro e retrocessos”, insiste.

“O equilíbrio também tem de acontecer na composição da equipa de saúde familiar com rácios 1:1:1 entre os três grupos profissionais”, considera a USF-AN, sublinhando que o sistema remuneratório “não pode promover as discrepâncias nestes rácios, como agora acontece”.

Os dados da associação indicam que, atualmente, existem 4.464.424 utentes inscritos nas USF de modelo B, 2.544.898 nas de modelo A, 3.361.344 nas Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e um total de 1.593.382 utentes sem equipa de saúde familiar atribuída.

Últimas do País

O Tribunal de Évora condenou hoje a 23 anos e meio de prisão o homem que esteve a ser julgado pelos crimes de homicídio qualificado e aborto da companheira grávida de sete meses, em Borba.
Os sete guardas prisionais e o chefe da guarda alvo de processo disciplinar na sequência da fuga da prisão de Vale de Judeus são ouvidos em interrogatório pela inspeção na quarta-feira ao longo do dia.
O julgamento da Operação Marquês, que pela primeira vez senta um ex-primeiro-ministro no banco dos réus, José Sócrates, começa no dia 3 de julho, mais de uma década depois de conhecida a investigação, foi hoje anunciado.
A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), a PSP e a GNR lançam na terça-feira a campanha “Viajar sem pressa”, que decorre até segunda-feira e visa alertar os condutores para os riscos da condução em excesso de velocidade.
Portugal continental e o arquipélago da Madeira vão voltar a ser afetados na quarta-feira por uma nova depressão que vai trazer chuva por vezes forte e acompanhada por granizo e vento, disse à Lusa o meteorologista Pedro Sousa.
Dez distritos de Portugal continental entram progressivamente em aviso amarelo entre hoje à tarde e segunda-feira de manhã devido à previsão de chuva provocada pela depressão Laurence, anunciou hoje o IPMA.
Seis urgências de Ginecologia e Obstetrícia e duas de Pediatria, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, estão hoje encerradas, segundo as escalas dos Serviços de Urgências do Serviço Nacional de Saúde.
Oito distritos de Portugal Continental vão estar sob aviso amarelo a partir do final da tarde de domingo devido à chuva e quatro estarão sob aviso laranja devido à agitação marítima na segunda-feira, segundo o IPMA.
O Supremo Tribunal de Justiça rejeitou a reclamação da TAP sobre a reintegração e pagamento de indemnizações a alguns tripulantes de cabine dispensados durante a pandemia, um processo que pode vir a custar milhões de euros à companhia aérea.
O julgamento do homem que confessou ter matado, em 2023, duas mulheres no Centro Ismaili, em Lisboa, entra hoje na reta final com a audição da última testemunha e a apresentação de alegações finais.