“Faltam pessoas porque muitas preferem viver de subsídios ao invés de trabalhar”

osé Bourdain nasceu em Lisboa em 1971. É licenciado em Gestão de Recursos Humanos e Mestre em Ciência Política. Iniciou a sua atividade profissional aos 16 anos no sector social/saúde/educação e fundou a Cercitop (cooperativa sem fins lucrativos) em 1998, onde é o Presidente do Conselho de Administração. Em 2013 criou a Tourism for All – Operador Turístico que trabalha o Turismo Para pessoas com deficiência e ajudou a fundar a Associação Nacional dos Cuidados Continuados em 2017, sendo o seu Presidente desde essa data.

© Folha Nacional

Da Rede Nacional de Cuidados Continuados fazem parte instituições públicas e privadas. O Estado tem cumprido as promessas feitas nos últimos anos com o financiamento a estas unidades? Esse financiamento tem acompanhado a inflação?

Não e não. Entre 2011 e 2018 não houve qualquer atualização de preços, em 2019 foi de 2,2%, em 2020 e 2021 voltou a não haver (apenas a Longa Duração em 2021), aumentaram preços em 2022 (insuficiente) e em 2023 voltaram a não atualizar preços quando todos sabemos que o salário mínimo subiu. De realçar que durante a pandemia nem 1 cêntimo nos foi dado de reforço; na crise energética houve apoios para as empresas e nós ficámos de fora; há legislação de 2007 que obriga o Governo a atualizar preços com base na inflação e o Governo em 2023 não cumpriu, mas aumentou os preços das PPP Rodoviárias em 7,8% (precisamente o valor da inflação de 2022). Isto é uma discriminação.

Como classifica a capacidade de resposta ao nível da Rede Nacional Cuidados Continua- dos no nosso país? E o que esperar das promessas de novas vagas 100% públicas ao abri- go do PRR? São exequíveis?

A resposta é de grande qualidade na sua esmagadora maioria, mas insuficiente face às necessidades do país. Não serão exequíveis por diversos motivos e o principal é que muitas entidades que se vão candidatar ao PRR já têm centenas de camas ao serviço da RNCCI pelo que não serão camas novas (o PRR permite candidaturas a retroagir a 2020), pelo que a meta das mais 5500 camas nunca será atingida. Depois, descontando estas e as camas públicas, mesmo assim serão mais de 3 mil as camas que sobram e, tendo em conta o subfinanciamento, haverá poucas entidades interessadas em investir milhões sabendo que terão prejuízo à partida e não recuperarão esse dinheiro. Num contexto de subida de taxas de juro, aumento do custo dos m2 (a verba a fundo perdido representa apenas 40% do total do investimento) e de muitas organizações já estarem a construir ao abrigo do PARES e em grande esforço, duvido que haja candidaturas suficientes.

Portugal é o terceiro país da UE com população mais envelhecida, o que coloca uma pressão extra nos cuidados continuados. O setor está preparado para aumentar a resposta a este tipo de cuidados?

Não está, precisamente devido ao subfinanciamento. Em vez de o Governo atrair investimento neste sector, desincentiva por não atualizar preços nem cumprir a legislação. O Governo causou, devido ao subfinanciamento, o encerramento de mais de 300 camas em pouco mais de dois anos. Qual a lógica de construir camas novas se encerram muitas das existentes?

Cerca de 40% das vagas da rede de cuidados continuados são ocupadas por ‘casos sociais’, isto é, por utentes sem necessidade clínica, que acabam por sobrecarregar estes serviços. O que poderia ser feito para resolver este problema?

Uma boa liderança e gestão centralizada de colocação de pessoas em Cuidados Continuados, Lares de Idosos, Apoio Domiciliário e, naturalmente, boa articulação com os hospitais, que infelizmente não existe.

Em seu entender, quais as medidas mais urgentes que de- vem ser tomadas para fazer face às dificuldades que as Unidades de Cuidados Continuados enfrentam?

Em primeiro lugar aumentar os valores em 2023 com base na inflação de 2022 (com retroativos a Janeiro). Posteriormente (no espaço de 1 ou 2 meses) analisar os recursos humanos necessários para o bom funcionamento de uma UCCI, quanto custam bens e serviços e depois pagar em conformidade. As UCCI não querem enriquecer com o dinheiro dos contribuintes, mas não querem estar subfinanciadas. Apenas receber o valor justo para fazer bem o seu trabalho sem constrangimentos.

Qual o principal desafio dos prestadores em encontrar recursos humanos?

Há falta de profissionais no mercado de trabalho em áreas como auxiliares de ação médica, pessoal de limpeza, lavandaria e cozinhas a que acresce profissionais mais qualifica- dos como enfermeiros, terapeutas da fala e ocupacionais. Os problemas são a falta de salários atrativos, mas também o facto de muitas pessoas preferirem viver de subsídios ao invés de trabalhar.

Últimas Entrevistas

Alberto Moura é a aposta do CHEGA para as eleições autárquicas de 2025 em Vila Real. O candidato quer travar a perda de população e traça um plano ambicioso para levar o concelho dos atuais 50 mil para 75 mil habitantes até 2050. Propõe soluções concretas para a habitação, mobilidade e revitalização do centro histórico, critica o desperdício de fundos públicos em projetos inúteis e defende uma gestão transparente, moderna e ao serviço das pessoas.
Ruben Miguéis é o candidato do CHEGA à Câmara Municipal de Évora, cidade onde vive desde os três anos. Licenciado em Engenharia Zootécnica, divide a sua atividade entre o sector agrícola e o ramo imobiliário. Fala-nos das razões que o levaram a entrar na vida política, da importância estratégica da agricultura para o desenvolvimento do Alentejo, da sua visão crítica sobre a Capital Europeia da Cultura 2027, bem como das suas propostas para melhorar o acesso à habitação e aproximar os cidadãos da política local.
Maria Lencastre Portugal, cabeça de lista do CHEGA à Câmara Municipal de Coimbra, defende uma cidade mais segura, limpa, acessível e com oportunidades reais para jovens, famílias e idosos. Em entrevista exclusiva ao Folha Nacional, a candidata apresenta as suas propostas para devolver a alma a Coimbra e travar o declínio do concelho.
Miguel Corte-Real é a aposta do CHEGA para as eleições autárquicas de 2025 na cidade do Porto. O candidato destaca Campanhã como um território de oportunidades e crescimento, e aborda temas como segurança e imigração sem rodeios. Aponta ainda o mau uso de dinheiros públicos, dando como exemplo a empresa municipal de cultura, onde dois candidatos da lista PSD/CDS empregam 25 assessores de comunicação.
David Catita é a aposta do CHEGA para candidato às eleições autárquicas em Beja. Com 48 anos, natural e residente na cidade, é licenciado em Ciências do Ambiente e exerce funções técnicas na EDIA. Já presidiu à Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos Limousine e atualmente lidera a Associação Portuguesa de Criadores de Ovinos Suffolk, bem como o Clube de Caçadores de Santo Humberto. No passado integrou o Real Grupo de Forcados Amadores de Moura. A sua candidatura nasce da intenção de “contribuir de forma construtiva para o aproveitamento do vasto potencial do concelho de Beja, criando condições para que
João Ribeiro, de 37 anos e natural de Castelo Branco, é candidato à presidência da Câmara Municipal pelo CHEGA. Numa entrevista exclusiva, o político detalha os problemas do concelho, apresenta soluções e revela a sua visão para o futuro da cidade e das aldeias do distrito.
O Presidente da República português lamentou hoje a morte do antigo chefe de Estado da Alemanha Horst Köhler, lembrando-o pela sua “dedicação à causa pública” e pela “promoção de uma parceria justa com África”.
Licenciado em Engenharia Zootécnica, Luís Mira é Secretário-Geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) desde 1999 e Membro do Conselho Económico e Social (CES). É ainda Membro do Conselho Económico e Social Europeu (CESE), desde 2006.
A esquerda acha-se no direito de lutar por quaisquer meios (…) o que significa que o terrorismo de esquerda se torna aceitável.
osé Bourdain nasceu em Lisboa em 1971. É licenciado em Gestão de Recursos Humanos e Mestre em Ciência Política. Iniciou a sua atividade profissional aos 16 anos no sector social/saúde/educação e fundou a Cercitop (cooperativa sem fins lucrativos) em 1998, onde é o Presidente do Conselho de Administração. Em 2013 criou a Tourism for All – Operador Turístico que trabalha o Turismo Para pessoas com deficiência e ajudou a fundar a Associação Nacional dos Cuidados Continuados em 2017, sendo o seu Presidente desde essa data.