Debate na generalidade do OE2024 começa hoje com a aprovação da proposta garantida pelo PS

O parlamento inicia hoje dois dias de debate na generalidade da proposta do Governo de Orçamento para 2024, que tem aprovação garantida pela maioria absoluta socialista e votos contra do PSD, CHEGA, IL, PCP e BE.

© Folha Nacional

A votação na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2024 está prevista para terça-feira e hoje, ao início da tarde, o debate deverá abrir com uma intervenção do primeiro-ministro, António Costa.

Desde que exerce as funções de primeiro-ministro, esta será a décima vez que apresenta na Assembleia da República uma proposta de Orçamento, uma das quais – a primeira para o ano de 2022 – foi chumbada na generalidade, o que abriu uma crise política e provocou eleições legislativas antecipadas, que o PS venceu com maioria absoluta.

Nas últimas semanas, quando se pronunciou sobre o Orçamento para o próximo ano, o líder do executivo procurou acentuar o fator de incerteza inerente à atual conjuntura internacional, defendendo que o seu principal objetivo é colocar Portugal num “porto de abrigo” face às atuais perturbações externas, mantendo o crescimento (1,5%), o emprego em “níveis elevados”, e reduzindo a dívida através de excedentes orçamentais.

No sábado, perante a Comissão Nacional do PS, justificando a opção pelos excedentes orçamentais este ano e em 2024, António Costa sustentou que seria uma irresponsabilidade o país gastar agora tudo o que tem e apontou que a redução da dívida permitirá poupar 2,6 mil milhões de euros em juros.

Por outro lado, nos seus discursos, António Costa tem realçado “a atualização referencial de 5%” dos salários para a função pública”, a subida das pensões em 6,2% a partir de janeiro, o reforço das prestações sociais e uma descida do IRS na ordem dos 1500 milhões de euros em 2024.

Já no plano puramente político, o primeiro-ministro criticou sobretudo a oposição à direita do PS, considerando que está “perplexa” e sem saber o que dizer em relação à proposta de Orçamento para 2024.

“A oposição de direita está bastante perplexa e sem saber o que dizer. Já disseram um bocadinho de tudo: Que o Orçamento era pipi, bem apresentadinho e betinho; já disseram que eu sou luso comunista; e a Iniciativa Liberal até disse que eu tinha três mãos”, comentou o líder do executivo no passado dia 18 no parlamento.

Nos últimos dias, sobretudo as forças políticas à direita do PS, têm acusado o Governo de fazer um aumento encapotado de impostos, designadamente através do aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) para os carros com matrícula de 2007 ou anos anterior – uma matéria que a bancada do PS já admitiu rever em sede de discussão do Orçamento na especialidade.

Perante a proposta de Orçamento, o presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou o voto contra na generalidade, alegando que o “reverso da medalha” da baixa do IRS e o conjunto de subidas previstas nas receitas de IVA, dos impostos sobre os combustíveis (ISP) ou do IUC.

“Andamos aqui a ser enganados, o país está a ser enganado. No que são impostos diretos, as alterações são pouco significativas e limitadas; no que são indiretos e atinge todos, o Governo vai cobrar muito mais em 2024 do que já cobrou em 2023 e 2022”, sustentou.

A Iniciativa Liberal foi a primeira força política a anunciar o voto contra a proposta de Orçamento – logo no dia em que foi apresentada, no passado dia 10 – e o presidente deste partido, Rui Rocha, desafiou o primeiro-ministro a recuar no IUC.

Já o presidente do CHEGA, André Ventura, classificou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano como a “maior vigarice” e a “maior burla”.

Nos partidos à esquerda do PS, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, anunciou cinco propostas orçamentais em relação ao Serviço Nacional de Saúde, entre as quais um aumento de 15% de todos os salários dos profissionais, um suplemento de risco e penosidade e um regime de exclusividade.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou o Governo de ter operado uma “falácia nos impostos” na sua proposta de Orçamento, visando “iludir o aumento dos salários e ampliar os benefícios fiscais ao grande capital”.

Os deputados únicos do PAN e Livre, respetivamente Inês Sousa Real e Rui Tavares, ainda não anunciaram se repetem a posição de abstenção que tomaram relativamente à proposta orçamental para 2023.

Últimas de Política Nacional

O Presidente do CHEGA considerou hoje que PS e PSD fingem que estão “um contra o outro”, mas são “os melhores aliados”, depois de o secretário-geral socialista admitir deixar cair uma comissão parlamentar de inquérito à Spinumviva.
Uma ex-chefe da Divisão de Planeamento e Gestão Urbanística da Câmara de Cinfães está a ser julgada por suspeitas de lesar o município em cerca de 100 mil euros.
O líder do CHEGA, André Ventura, lamentou hoje a morte do Papa Francisco e disse esperar que a Igreja Católica continue o legado de luta contra a pobreza, a discriminação e o novo-riquismo.
O Presidente do CHEGA manifestou-se esta quinta-feira "chocado" com o valor dos dois imóveis adquiridos pelo secretário-geral socialista, que estimou entre 1,3 e 1,4 milhões de euros, e exigiu saber se há fundos públicos na origem das aquisições.
O líder do CHEGA acusou o PCP de ser responsável por milhões de euros em despesa pública, apontando a criação de institutos, fundações, nomeações políticas e cargos autárquicos como principais causas.
O CHEGA lidera as intenções de voto na Área Metropolitana de Lisboa, com 28,8%, enquanto o PS e a AD perdem terreno, de acordo com a última sondagem da Aximage, para o Folha Nacional.
O IRS está a surpreender pela negativa. Muitos portugueses estão a receber menos e alguns até a pagar. André Ventura fala em “fraude” e acusa Montenegro de ter traído a promessa de baixar impostos.
O Ministério Público (MP) abriu uma averiguação preventiva no qual é visado o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, confirmou à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Se eu tenho uma má compreensão da Economia, deem-me uma oportunidade, porque o homem que está à minha frente destruiu a Economia”, afirmou André Ventura, que acusou Pedro Nuno Santos de ter sido responsável por “arruinar a TAP, a ferrovia e a CP”, apontando o dedo à gestão feita durante a sua passagem pelo Governo.
O líder parlamentar do CHEGA anunciou esta terça-feira que, na próxima legislatura, o seu partido vai apresentar uma proposta de comissão parlamentar de inquérito sobre os dados do Relatório de Segurança Interna (RASI), considerando que estão errados.