Xi Jinping recebe PM australiano em sinal de ‘descongelamento’ nas relações

O presidente chinês, Xi Jinping, recebeu hoje, em Pequim, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, num encontro que simbolizou o 'descongelamento' das relações diplomáticas após anos de tensões, que prejudicaram as relações comerciais.

©Facebook/XiJinping

O país asiático é o principal parceiro comercial de Camberra. Mas os laços bilaterais deterioraram-se fortemente nos últimos anos.

Em 2018, o anterior governo australiano excluiu o grupo chinês das telecomunicações Huawei da rede 5G do país e, em 2020, apelou a uma investigação internacional sobre as origens da covid-19 – medida que Pequim considerou ter sido politicamente motivada. As relações foram também afetadas por disputas sobre a alegada influência chinesa na Austrália.

A China impôs, em retaliação, taxas alfandegarias punitivas sobre as principais exportações australianas, como a cevada, a carne de bovino e o vinho. Pequim também deixou de comprar grandes quantidades de matérias-primas à Austrália, incluindo carvão, privando o país de milhares de milhões de dólares em receitas.

No entanto, muitas das restrições comerciais foram gradualmente levantadas desde que os trabalhistas e Albanese regressaram ao poder em maio de 2022.

O encontro de hoje, confirmado pela agência noticiosa oficial Xinhua, foi o primeiro entre um presidente chinês e um primeiro-ministro australiano em mais de sete anos.

Em declarações à televisão australiana, Anthony Albanese congratulou-se com os “sinais promissores” de melhoria nas relações. O primeiro-ministro australiano referiu-se a uma “discussão mais construtiva” com Pequim e a um “aumento” das trocas comerciais.

“A China é o nosso principal parceiro comercial”, lembrou. “É responsável por mais de 25% das nossas exportações e um em cada quatro postos de trabalho depende do nosso comércio [com a China]. Por isso, esta é uma relação importante”, disse.

Apesar do degelo, o primeiro-ministro australiano afirmou, no mês passado, que os dois países não estão estrategicamente alinhados e têm histórias e valores diferentes.

“Devemos cooperar com a China sempre que for possível” e “discordar quando necessário”, sublinhou hoje.

A China opõe-se ao pacto de segurança “AUKUS”, assinado entre Austrália, Estados Unidos e o Reino Unido, que visa contrariar a influência chinesa na região da Ásia-Pacífico.

O pacto inclui a entrega de submarinos nucleares a Camberra. Pequim considera que se trata de uma ameaça à sua segurança, mas também de um acordo que viola as regras de não-proliferação nuclear.

A possibilidade de a China estabelecer uma base militar no Pacífico Sul, ao abrigo de um pacto de segurança com as Ilhas Salomão, é também particularmente preocupante para a Austrália, já que transformaria a forma como Camberra vê as suas configurações de Defesa e segurança nacional, ancoradas na aliança com os Estados Unidos.

No mês passado, a China libertou a jornalista australiana Cheng Lei, que trabalhava para a televisão estatal em língua inglesa CGTN e estava detida há mais de três anos, acusada de “divulgar segredos de Estado no estrangeiro”.

A sua libertação reacendeu a esperança nos filhos do escritor australiano Yang Jun, preso na China desde 2019. Eles pediram ao primeiro-ministro australiano que abordasse o destino do seu pai durante a sua deslocação a Pequim.

Yun Sun, investigador do Centro Stimson, com sede em Washington, disse à agência France Presse que a China vai querer apresentar esta visita de Anthony Albanese como um reconhecimento pela Austrália dos seus erros passados.

“A China vai apresentar Albanese como [um líder] que está do lado certo da história e a fazer a coisa certa para o bem da economia (australiana), particularmente para as empresas orientadas para a exportação, incluindo o setor do vinho”, sublinhou.

Últimas do Mundo

Corrida solidária muçulmana realizada em Londres apenas para homens levanta acusações de discriminação e está sob investigação pela Comissão de Igualdade e Direitos Humanos.
A Comissão Europeia multou hoje as marcas de moda de luxo Gucci, Chloé e Loewe em 157 milhões de euros por terem limitado os preços de revenda de produtos de roupa, calçado e acessórios durante oito anos.
A desflorestação atingiu 8,1 milhões de hectares em todo o mundo em 2024, de acordo com um relatório divulgado hoje, a menos de um mês da Conferência do Clima em Belém, no Brasil.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) Europa e a Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC) defenderam hoje políticas rigorosas sobre o álcool, como impostos elevados e restrições de venda, para reduzir o consumo e prevenir o cancro.
Pelo menos 14 pessoas morreram no desabamento de uma mina em El Callao, na Venezuela, após chuvas torrenciais terem atingido a região a sudeste de Caracas, informaram hoje as autoridades.
O Governo mexicano anunciou hoje que 64 pessoas morreram e 65 estão desaparecidas na sequência das fortes chuvas que atingiram cinco estados do centro do México entre 06 e 09 de outubro.
A Iberdrola vai queixar-se na justiça da presidente da Red Eléctrica, a operadora do sistema elétrico de Espanha, por declarações em que atribuiu responsabilidades do apagão de 28 de abril às empresas produtoras, noticiam hoje meios de comunicação social espanhóis.
Quase uma centena de pessoas ficaram feridas hoje na colisão entre dois comboios de alta velocidade no sul da Eslováquia, perto da fronteira com a Hungria.
O tráfego de passageiros nos aeroportos europeus cresceu 4,9% em agosto em termos homólogos, ficando 7% acima dos dados pré-pandemia da covid-19, segundo dados preliminares hoje divulgados pelo Airports Council International (ACI Europe).
A entrada em vigor do cessar-fogo entre Israel e o Hamas fez com que o preço do barril de petróleo americano caísse hoje para o seu nível mais baixo em seis meses, baixando a marca dos 60 dólares.