CHEGA acusa Santos Silva de tentar condicionar Justiça e defende demissão

O líder do CHEGA, André Ventura, acusou hoje o presidente da Assembleia da República de querer condicionar a Justiça e considerou que Augusto Santos Silva não tem condições para continuar a exercer o cargo.

© Folha Nacional

“Esta intervenção é uma tentativa ignóbil, baixa, mas muito reveladora de tentar condicionar a Justiça”, afirmou o presidente do CHEGA.

Em declarações aos jornalistas no parlamento, André Ventura defendeu que Augusto Santos Silva “não tem nenhumas condições de imparcialidade para continuar como presidente da Assembleia da República”.

Em causa está a entrevista dada por Augusto Santos Silva à RTP3 na noite de quarta-feira, na qual considerou que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) deve esclarecer depressa, antes das eleições de 10 de março, a situação penal do primeiro-ministro, António Costa, frisando que o caso abriu uma crise política.

O líder do CHEGA acusou a segunda figura do Estado de querer um “tratamento especial para o primeiro-ministro” na “esperança que haja um arquivamento” do processo e o PS não chegue às eleições legislativas antecipadas de 10 de março com a imagem afetada.

Criticando que o presidente da Assembleia da República tenha pedido que o esclarecimento da situação penal de António Costa aconteça antes das eleições, o líder do CHEGA defendeu que, se isso acontecer, “é uma vergonha para a Justiça”.

“O tempo da Justiça não é o tempo do primeiro-ministro, nem é o tempo que o PS quer que seja”, salientou, questionando porque se aceleraria o processo que envolve o primeiro-ministro e não outros.

André Ventura indicou também que vai levar esta situação à Conferência de Líderes parlamentares e propor “uma censura muito forte a Santos Silva”.

O presidente do CHEGA pediu ainda que o Presidente da República que dê uma “palavra de distanciamento disto”, defendendo estar “em causa o regular funcionamento das instituições”.

“Quando lhes toca a eles, é acelerar ao máximo. Os outros podem esperar”, criticou Ventura, apontando que “o melhor que o PS” tem a fazer “é esperar que a Justiça faça o seu trabalho”.

O líder do CHEGA, partido que tem protagonizado vários momentos de tensão com Augusto Santos Silva, acusou o presidente de “desprestigiar a Assembleia da República” por “não conseguir despir o casaco do PS”.

“Se quer preservar a dignidade desta instituição, então deve demitir-se e deixar o seu lugar”, defendeu.

Assinalando o facto de, na mesma entrevista, Augusto Santos Silva ter manifestado o seu apoio à candidatura de José Luís Carneiro à liderança do PS, André Ventura considerou que o candidato tem de vir dizer se “se revê nesta tentativa de condicionamento”.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro.

António Costa é alvo de um inquérito no Ministério Público (MP) junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo tido intervenção para desbloquear procedimentos, mas já recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.

O MP em 10 de novembro deteve cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa, que no final do interrogatório judicial foram colocados em liberdade.

No total, há nove arguidos no investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines, entre eles o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

Últimas de Política Nacional

O CHEGA voltou a bater de frente com o Governo após o novo chumbo ao aumento das pensões. O partido acusa o Executivo de “asfixiar quem trabalhou uma vida inteira” enquanto se refugia na “desculpa eterna do défice”.
O Ministério Público instaurou um inquérito depois de uma denúncia para um “aumento inexplicável” do número de eleitores inscritos na Freguesia de Guiães, em Vila Real, que passou de 576 inscritos nas legislativas para 660 nas autárquicas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) reconheceu hoje que foram identificadas sete escutas em que o ex-primeiro-ministro era interveniente e que não foram comunicadas ao Supremo Tribunal de Justiça "por razões técnicas diversas".
Com uma carreira dedicada à medicina e ao Serviço Nacional de Saúde, o Prof. Horácio Costa traz agora a sua experiência para a política. Médico desde 1978, especialista em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética, fundador do único serviço europeu com três acreditações EBOPRAS e professor catedrático, Costa assume o papel de ministro-sombra da Saúde pelo CHEGA com a mesma dedicação que sempre marcou a sua carreira. Nesta entrevista ao Folha Nacional, o Prof. Horácio Costa fala sobre os principais desafios do SNS, a falta de profissionais de saúde, a reorganização das urgências e a valorização dos trabalhadores.
A conferência de líderes marcou hoje para 19 de dezembro as eleições dos cinco membros do Conselho de Estado, três juízes do Tribunal Constitucional e do Provedor de Justiça, sendo as candidaturas apresentadas até 12 de dezembro.
O grupo parlamentar do CHEGA/Açores enviou hoje um requerimento à Assembleia Legislativa Regional a pedir esclarecimentos ao Governo dos Açores na sequência da anunciada saída da Ryanair da região.
A Comissão de Assuntos Constitucionais chumbou a iniciativa do CHEGA para impedir financiamento público a mesquitas, classificando-a de inconstitucional. Ventura reagiu e avisa que Portugal “está a fechar os olhos ao radicalismo islâmico até ser tarde demais”.
O ex-presidente da Câmara de Vila Real Rui Santos está acusado pelo Ministério Público (MP) de prevaricação, num processo que envolve mais cinco arguidos e outros crimes como participação económica em negócio e falsas declarações.
André Ventura disparou contra PS e Governo, acusando-os de manter um Orçamento “incompetente” que continua a “sacar impostos” aos portugueses. O líder do CHEGA promete acabar com portagens, subir pensões e travar financiamentos que considera “absurdos”.
O Parlamento começa esta quinta-feira a debater e votar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) na especialidade, numa maratona que se prolonga por cinco dias e culmina com a votação final global a 27 de novembro.