Costa também não admite cargo na UE “enquanto não estiver esclarecido” inquérito

O secretário-geral do PS, António Costa, reiterou hoje na Alemanha que está de “consciência absolutamente tranquila”, mas que não está disponível para “exercer cargos públicos”, nem a nível europeu, “enquanto não estiver esclarecido” o inquérito de que é alvo.

© Folha Nacional

Em declarações aos jornalistas durante uma cerimónia de celebração dos 50 anos de fundação do Partido Socialista, na localidade alemã de Bad Münstereifel, onde se encontra na condição de secretário-geral do partido, António Costa, questionado sobre se estará agora disponível para assumir um alto cargo na União Europeia, como é desejo de muitos socialistas europeus, em virtude de as funções de primeiro-ministro, cargo do qual se demitiu, já não serem um impedimento, reafirmou que não está em condições de exercer cargos públicos enquanto prosseguir o inquérito no Ministério Público (MP) junto do Supremo Tribunal de Justiça que levou à sua demissão.

“A política não é uma carreira, é uma atividade cívica, que se exerce das mais variadas formas. Aquilo que eu disse é sentir-me de consciência absolutamente tranquila, nada me pesando na minha consciência. Entendo que a função que eu exercia, enquanto primeiro-ministro, não é compatível com a existência de um juízo de suspeição. E, portanto, enquanto não estiver esclarecido este assunto, eu acho que não devo exercer cargos públicos, porque acho que é necessário preservar a integridade das instituições, o prestígio das instituições, a confiança que cada um deposita nas instituições”, declarou.

“Cada um rege-se pelos padrões que se rege. Estes são os meus”, completou.

Relativamente à sua sucessão e ao futuro do PS depois da sua saída, o ainda secretário-geral declarou que aquilo que o partido tem de fazer “é focar-se naquilo que são os problemas dos portugueses e a resolução dos problemas dos portugueses, tendo em vista as eleições [legislativas] do dia 10 de março”.

“Temos já marcadas eleições para a eleição de um novo secretário-geral do PS nos próximos dias 15 e 16 [de dezembro]. Temos já três candidatos, dois dos quais – José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos – eu conheço bem, trabalhei com eles, tenho muita estima por ambos. E os socialistas escolherão qual será aquele que dará continuidade à liderança do PS”, disse, acrescentando que “depois é necessário elaborar um programa, apresentá-lo aos portugueses”, e o PS bater-se “por aquilo que é importante, que é ter uma vitória eleitoral do PS no próximo dia 10 de março”.

António Costa disse ainda desejar “que o PS aproveite este momento para fazer um debate profundo, vivo e criativo”, incluindo sobre a “correção de erros que seguramente existiram”, e com vista a “dar nova energia àquilo que de positivo foi feito”.

“E é essa a continuidade que é necessário assegurar, esta dinâmica em que cada um vai passando o testemunho uns aos outros, desde Mário Soares até mim, e de mim para aquele que os socialistas elegerem no próximo dia 16 como líder do Partido Socialista”, declarou.

António Costa rejeitou ainda que a atual crise política em Portugal, e em particular no PS, possa de alguma forma ‘manchar’ as celebrações do 50º aniversário do 25 de abril, que se assinala no próximo ano.

“Nada ensombrará os 50 anos do 25 de abril. É uma data única que felizmente une o país todo”, afirmou.

António Costa encontra-se entre hoje e terça-feira na Alemanha, para participar numa celebração do 50.º aniversário do partido, fundado na localidade de Bad Münstereifel, e cuja liderança se apresta a deixar.

Costa, que no passado dia 07 pediu a demissão das funções de primeiro-ministro e anunciou ainda que não se recandidatará ao cargo, depois de ter sido anunciado que é alvo de um inquérito no Ministério Público (MP) junto do Supremo Tribunal de Justiça, visita a Alemanha num dos seus últimos atos como secretário-geral do PS, para um evento comemorativo realizado em conjunto com o partido socialista alemão, o SPD.

No último sábado, António Costa participou numa Comissão Nacional do PS, que aprovou formalmente a celebração de eleições diretas para o cargo de secretário-geral do partido a 15 e 16 de dezembro, e de um congresso entre 05 e 07 de janeiro de 2024, convocados na sequência da demissão de Costa e da marcação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

Para a sucessão de António Costa na liderança do PS, estão já no terreno três candidaturas: a do ex-secretário-geral adjunto e atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a do deputado socialista e ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos, e a do dirigente Daniel Adrião.

Últimas de Política Nacional

O líder do CHEGA, André Ventura, afirmou hoje que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, são parecidos e estão sob suspeitas de falta de integridade, defendendo que não têm condições para governar.
O Presidente do CHEGA, André Ventura, já havia afirmado por diversas vezes que pretendia reduzir o número de deputados com assento na Assembleia da República e, durante a campanha para as eleições regionais da Madeira, que decorrerão no próximo domingo, expressou também a sua intenção de reduzir o número de deputados nos parlamentos regionais.
O Presidente do CHEGA e candidato a primeiro-ministro deixa claro que o seu objetivo é “formar um governo de direita em Portugal e acabar com os vícios do socialismo no nosso país”.
André Ventura considera “uma vergonha” que partidos se unam para evitar que o relatório final do inquérito ao caso das gémeas atribua responsabilidades a Marcelo Rebelo de Sousa e a Lacerda Sales.
As candidaturas às eleições legislativas antecipadas de 18 de maio podem ser apresentadas até 07 de abril, e o voto antecipado em mobilidade decorre no dia 11 de maio, segundo o calendário hoje divulgado pela CNE.
O cabeça de lista do CHEGA às eleições do próximo domingo na Madeira, Miguel Castro, reafirmou hoje que o PSD terá de afastar Miguel Albuquerque, atual chefe do executivo, se precisar do apoio do partido para formar governo.
O Presidente da República promulgou hoje o diploma que estabelece o regime de mobilidade de docentes por motivo de doença, substituindo as regras aprovadas pelo anterior executivo e muito contestadas pelos professores.
Faltam poucos dias para as eleições regionais da Madeira, marcadas para 23 de março, e a Comissão Nacional de Eleições (CNE) já recebeu 39 queixas sobre a campanha.
A Iniciativa Liberal (IL) e o seu líder, Rui Rocha, têm-se posicionado como defensores do respeito e da liberdade de expressão, no entanto, o partido tem estado frequentemente envolvido em polémicas relacionadas com insultos.
O líder do CHEGA anunciou hoje que vai enviar à Procuradoria-Geral da República (PGR) as conclusões da relatora, do seu partido, que foram rejeitadas na íntegra pela comissão de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras.