No trabalho, hoje divulgado, lê-se que o setor gerou ainda, no mesmo ano, aproximadamente 861 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto (VAB).
Paralelamente, “em 2022, as exportações de vinhos portugueses ascenderam a 941.5 milhões de euros, o que representou 41,3% do valor total da produção direta do vinho”, de acordo com o estudo.
Em entrevista à Lusa, Ana Isabel Alves, diretora executiva da Acibev (Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal) deu conta do peso deste setor na atividade económica nacional, com cerca de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e 3,4% do emprego (dados de 2021).
A dirigente associativa destacou que “em 43 municípios, nomeadamente no interior do país o setor do vinho representava mais de 10% do emprego da região”.
Ana Isabel Alves alertou para os desafios com que se depara o setor, desde logo com “tudo o que tem a ver com as ameaças anti álcool”, alertando para “a tendência crescente que existe para pôr em causa a própria legitimidade do vinho”.
A responsável defendeu que é preciso “ter consciência” de que “esse tipo de propostas está a pôr em causa um setor que contribui muito para a economia, para a coesão social e territorial de Portugal”.
Por outro lado, destacou, “Portugal foi dos poucos países onde a produção cresceu”, salientando que os grandes desafios do setor passam por “continuar a exportar a cada vez mais e cada vez melhor”.
“Portanto, cada vez aumentamos mais o valor do vinho que exportamos e é aí que temos apostado muito”, adiantou.
Questionada sobre o impacto dos aumentos de impostos no vinho, recordou que o “Orçamento do Estado para 2024 [OE2024] prevê um aumento de 10% do imposto sobre as bebidas alcoólicas e nomeadamente do imposto que se aplica aos vinhos licorosos ao Vinho do Porto e aos moscatéis”, destacando que o setor “já fez uma carta a todos os grupos parlamentares e ao primeiro-ministro” e as informações que tem “é que existem já propostas para que não seja aumentado o IABA [imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas]”.
Ana Isabel Alves disse assim que este segmento tem “esperança de que agora, no âmbito da discussão na especialidade [do OE2024], possam voltar para trás com a questão do aumento de 10% dos impostos”.
No estudo realizado pela Nova SBE lê-se que “o setor contribui fortemente para a receita fiscal do Estado com um montante total estimado de 1.510 milhões de euros, já incluindo os efeitos diretos, indiretos e induzidos, ou seja, 1,9%” das receitas fiscais, segundo dados de 2021.
Sobre as prioridades para o novo Governo, Ana Isabel Aves destacou que “é muito importante tudo o que tem a ver com o comércio internacional”.
“Gostaríamos desde logo de poder continuar a contar com o apoio do Governo português na defesa ao nível europeu, de todas as medidas de apoio ao vinho, nomeadamente com o apoio aos programas de promoção”, destacou.
“Tudo quanto o Governo possa fazer para nos ajudar a acabar com as barreiras alfandegárias e não alfandegárias às nossas exportações é muito bem-vindo”, rematou a dirigente associativa.