Destruir o Hamas é missão demorada

O ex-deputado israelita e especialista em espionagem Michael Bar-Zohar defende que será difícil a Israel alcançar o objetivo de destruir o movimento islamita palestiniano Hamas, mas que é possível​​​​​​​ a paz com os países árabes.

@ Facebook Israel Reports

Em entrevista à agência Lusa a propósito do seu livro “Não Há Missões Impossíveis”​​​​​​​ sobre as operações das forças especiais israelitas, Bar-Zohar considerou que “não há hipótese” de o governo israelita negociar com o Hamas, porque este movimento “não quer negociar”.

“É impossível aceitar o Hamas (…) que é uma organização terrorista em Gaza, que quer destruir Israel e matar-nos. Com eles, não podemos negociar”, afirmou o político e historiador de 85 anos​​​​​​​, biógrafo de grandes figuras israelitas como David Ben Gurion e Shimon Peres.

Para Bar-Zohar, “destruir o Hamas vai demorar algum tempo”.

“Há os fanáticos [islamitas] que querem conquistar o mundo e querem Israel, a Europa, a América, e dizem-no abertamente. (…) A Espanha era árabe no século XIV, e ainda está nos mapas, nos livros escolares. Vê-se o mapa dos países árabes, dos países muçulmanos e a Espanha está lá incluída”, frisou.

“Penso que o problema está nestas minorias, no Hamas, na Al-Qaeda, no Estado Islâmico, em todas estas organizações terroristas que estão a mudar o mundo de hoje”, acrescentou.

O ex-deputado trabalhista afirma que foi com o objetivo de “viver em paz​​​​” que Israel deixou há 20 anos a Faixa de Gaza, onde o Hamas viria a assumir o poder.

“Havia um exército israelita e cerca de 10.000 colonos de Israel dentro da Faixa de Gaza”, disse. O antigo primeiro-ministro, Shimon Peres, queria tornar Gaza na “nova Singapura, com turismo, com negócios” após a saída do exército israelita de Gaza.

“Em vez disso, [os grupos terroristas ali presentes] começaram a disparar foguetes contra nós e a dizer-nos: temos de vos destruir. Penso que esse foi um erro fatal, que nos custou muitas vidas”, afirmou.

Bar-Zohar acredita que a paz é possível entre Israel e a maioria dos países vizinhos, mas que a Cisjordânia continuará a ser um problema por motivos de segurança, tal como o Líbano pela presença da organização terrorista Hezbollah que mina a democracia no país.

“Fizemos a paz com a maioria dos nossos vizinhos. Fizemos a paz com o país árabe mais forte, que é o Egito, há muitos anos, em 1977. Fizemos a paz com a Jordânia, com Marrocos e com os emirados do Bahrein. Portanto, sim, a paz é possível na maioria dos nossos países”, afirmou. ​​​​​​​

Bar-Zohar nasceu na Bulgária em 30 de janeiro de 1938, e em 1948 mudou-se para Israel, onde cresceu. Participou na missão que atravessou o canal do Suez, na Guerra do Yom Kippur, no primeiro barco que atravessou o canal em direção ao Egito.

O antigo militar é um dos maiores especialistas israelitas em espionagem, foi membro do Knesset (parlamento), representante do país no Conselho da Europa e conselheiro para a comunicação social de Moshe Dayan, antigo ministro da Defesa de Israel.

O autor relatou que o ataque do Hamas em 07 de outubro foi uma surpresa, porque os israelitas pensavam viver uma espécie de calma com Gaza. O ataque fez mais de duas centenas de reféns e matou mais de 1.200 pessoas, o que desencadeou uma guerra entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

“Todos os dias, 18.000 trabalhadores vinham de Gaza para Israel para trabalhar e cerca de duas semanas antes da guerra, autorizámos a vinda de mais 2.000. Portanto, tínhamos a sensação de que a situação era muito calma, muito pacífica”, continuou.

“Além disso, em todos os ‘kibbutz’, que ficam ao longo da fronteira de Gaza, as pessoas estavam muito satisfeitas, viviam muito bem, e não era suposto acontecer nada. Não havia tensão com Gaza”, recordou.

O antigo militar apontou ainda a dificuldade do exército israelita em combater em Gaza, por ser uma grande cidade e por existir no subsolo uma “espécie de cidade subterrânea, com cerca de 500 quilómetros de túneis”, por onde o Hamas se esconde.

“Muitos civis estão a ser mortos nesta guerra. As Nações Unidas também o dizem, que quando um exército ou um combatente está a usar civis como escudos humanos de defesa, eles podem ser feridos. É esse o problema”, disse.

“É por isso que queremos que tantos civis se desloquem, que não fiquem lá, porque há muitas pessoas que são mortas nesta guerra e isso é muito mau”, lamentou. “É preciso ir com muito cuidado e, por vezes, isso torna as coisas muito lentas”.

Últimas do Mundo

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu hoje estar em desacordo com a intenção do Reino Unido de reconhecer a Palestina como um Estado, reiterando que o grupo extremista palestiniano Hamas deve libertar todos os reféns que mantém.
A primeira pessoa a ser deportada do Reino Unido, no âmbito do acordo de migração assinado este verão entre Londres e Paris para conter as travessias do Canal da Mancha, foi hoje transportada para França, anunciou o Governo inglês.
O asteroide, agora batizado de '2025 FA22', terá um tamanho estimado de entre 130 e 290 metros (a Torre de Belém tem 30 metros).
A OpenAI está a trabalhar num novo sistema para o ChatGPT identificar automaticamente quando está a interagir com um adolescente ou menor de idade, de forma a ativar uma experiência adequada à sua idade e bloquear conteúdo impróprio.
O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro recebeu hoje alta hospitalar após passar a noite internado e regressou à sua residência, onde se encontra em prisão domiciliária por incumprimento de medidas cautelares.
O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, condenado na semana passada a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, está com um problema renal e vai permanecer hospitalizado, anunciou hoje a unidade de saúde.
A polícia espanhola anunciou hoje a detenção de 19 pessoas suspeitas de homicídio e tortura a bordo de uma embarcação de migrantes do Senegal com destino às Canárias.
O tribunal de Estugarda, Alemanha, condenou hoje a prisão perpétua o autor dum ataque com faca na cidade de Mannheim, em 2024, que provocou a morte de um polícia durante uma manifestação anti-islâmica.
O novo sistema europeu de controlo de fronteiras externas para cidadãos extracomunitários vai entrar em funcionamento a partir de 12 de outubro em Portugal e restantes países do espaço Schengen, anunciaram hoje as autoridades.
Vestígios de ADN recolhidos em dois objetos encontrados perto do local do homicídio do ativista conservador Charlie Kirk correspondem ao do suspeito detido pelas autoridades, anunciou hoje o diretor do FBI, Kash Patel.