De acordo com dados divulgados hoje pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a região chinesa registou 872 burlas cometidas através do telefone ou online entre janeiro e setembro, mais 325 casos do que em igual período de 2022.
A maioria das burlas (599, mais 29,7%) aconteceram com recurso à Internet, embora o maior aumento tenha ocorrido nas burlas através do telemóvel (273), que mais do que quadruplicaram.
Em comparação, as autoridades de Macau registaram um aumento de 31,7% da criminalidade global nos primeiros nove meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado, algo justificado com a reabertura das fronteiras após a pandemia de covid-19.
Num relatório, a tutela da Segurança revelou que em 170 casos as vítimas foram contactadas por burlões que fingiram serem “funcionários de serviços públicos” enquanto em 135 as burlas envolveram “a venda de bilhetes para concertos através da Internet”.
Numa conferência de imprensa, Wong Sio Chak disse que, durante a pandemia, “o modo de vida do público mudou e a sua dependência da internet aumentou, fazendo com que o tipo de crimes tradicionais (…) se tenha transformado aceleradamente”.
O secretário disse que a Polícia Judiciária (PJ) de Macau desmantelou, nos primeiros nove meses do corrente ano, 67 casos praticados por redes de burlas, incluindo vários casos praticados por redes criminosas transfronteiriças.
O relatório mencionou que, em abril, agosto e outubro, a PJ deteve quatro pessoas em três locais onde estavam configurados sistemas de telecomunicações que teriam sido usados em pelo menos 100 mil burlas telefónicas.
Wong Sio Chak prometeu reforçar o combate a esses casos, que provocaram perdas às vítimas de “pouco mais de 200 milhões de patacas” (22,8 milhões de euros).
O secretário acrescentou que, graças a um mecanismo de alerta para suspensão de transações suspeitas e cessação de pagamento, a polícia de Macau conseguiu recuperar mais de 110 milhões de patacas (12,6 milhões de euros) em 505 casos.
Ainda assim, Wong Sio Chak sublinhou que as burlas com recurso às telecomunicações e à internet se tornaram no tipo de crime com “o aumento mais significativo” não só em Macau, mas também “nas regiões vizinhas”.
Centenas de milhares de pessoas, a maioria dos quais chineses, têm sido alvo de tráfico humano para centros no Sudeste Asiático, onde são forçados a defraudar os seus compatriotas através da Internet.
De acordo com um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos divulgado em agosto, cerca de 100 mil pessoas foram traficadas para o Camboja e pelo menos 120 mil para Myanmar (antiga Birmânia).
A incapacidade da junta militar no poder em Myanmar em acabar com estes centros tem levado a tensões com a China, um dos principais aliados e fornecedores de armas do país.