É a ética que conduz à política. De acordo com Aristóteles, governar é permitir aos cidadãos viver a vida plena e feliz, eticamente alcançada. O Estado, portanto, deve tornar possível o desenvolvimento e a felicidade do indivíduo.
Segundo Aristóteles (384-322 a.C.), a ética é uma doutrina moral individual, enquanto a política é uma doutrina moral social. O bem comum, a felicidade dos habitantes da “Pólis” (Cidades e Cidades / Estado) está acima dos interesses e desejos individuais – felicidade, no sentido de plenitude de vida, auto – realização. Tudo isto pressupõe uma convicção moral forte, uma série de princípios morais ou virtudes que orientam o individuo a partir do seu interior. A honestidade, a renúncia de si mesmo, a integridade e a busca incessante da verdade na vida individual e coletiva, constituem os valores que alguém dedicado à politica deve possuir. Aqui reside a diferença entre um verdadeiro politico e um “mercenário politico”. A politica é um exercício ético tendo como objetivo a construção de uma sociedade mais justa, equitativa e digna. A felicidade e o bem comum dos indivíduos e das famílias são o caminho e a finalidade de toda a politica.
Infelizmente, considerando o universo politico do nosso próprio País, observamos que a ética politica é apenas uma expressão vulgar, uma disciplina teórica no contexto da Filosofia ou da Doutrina Moral – academicamente falando. No sentido popular, a ética politica é sinal dos fracos, dos que vivem nas utopias do bem comum, mas que na pratica não consegue existir.
De uma forma geral, a classe politica em Portugal vive uma crise de “respeitabilidade e credibilidade”. Os casos de corrupção surgem em catadupa e de forma descarada. A mentira é apresentada como verdade, sem qualquer sentimento de vergonha ou pudor. Os interesses individuais, a ambição desmedida, o tráfico de influencias, a opacidade e as jogadas de bastidores, são a marca de uma prática politica decadente e descaracterizada. Isto é visível sobretudo nos partidos tradicionais, mergulhados nos seus vícios políticos, clientelismo e ansia pelo poder – A politica não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça (Aristóteles). Presos ao seu aparelho partidário, os políticos que aqui gravitam movem-se como “parasitas”, num constante movimento tendo em vista a governação.
A nobreza na politica é apanágio apenas de uns poucos. São estes os que têm valores e que vivem e lutam pelo desenvolvimento da sociedade e do seu País.
Há muito a ganhar quando a politica é exercida da forma correta. Os políticos que primam pela verdade e os princípios éticos são respeitados, admirados e valorizados pelo povo que pretendem influenciar. O nosso País necessita urgentemente de políticos de um nível superior, de pessoas que não se deixem comprar, nem vender pelo poder, o dinheiro e a popularidade.
A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha (Francisco Sá Carneiro).