Dívida federal dos EUA supera 34 biliões de dólares e suscita preocupações

A dívida do governo federal dos EUA superou os 34 biliões (milhão de milhões) de dólares, um nível recorde que vai condicionar as medidas políticas e económicas para melhorar as contas dos EUA nos anos futuros.

© D.R.

O Departamento do Tesouro divulgou um relatório na terça-feira sobre as finanças federais, que se tornaram uma fonte de tensão partidária.

Os congressistas republicanos e a Casa Branca concordaram em junho o levantamento temporário do limite da divida federal, afastando o risco do que poderia ter sido um incumprimento histórico. O acordo dura até janeiro de 2025.

O valor da dívida foi alcançado bem antes do que se antevia no período anterior à pandemia do novo coronavirus.

A Agência do Congresso para o Orçamento (CBO, na sigla em Inglês) projetou em janeiro de 2020 que o montante agora superado só o deveria ser no ano orçamental [01 de outubro – 30 de setembro] de 2029.

Mas a dívida cresceu muito mais do que esperado por causa da pandemia, iniciada em 2020, que encerrou parte significativa da economia dos EUA.

O governo federal recorreu fortemente ao endividamento, tanto nos anos de Donald Trump, como na presidência de Joe Biden, para estabilizar a economia e apoiar a recuperação económica.

Mas esta veio com um aumento da inflação, que fez subir a taxa de juro e, assim, agravar o serviço [reembolso mais juros] da dívida federal.

“Até agora, Washington tem estado a gastar dinheiro como se tivesse recursos ilimitados”, disse Sung Won Sohn, docente de Economia na Universidade Loyola Marymount. “Mas o ponto de partida é que não há almoços grátis e penso que as perspetivas são sinistras”, acrescentou.

A dívida bruta inclui dinheiro que o governo federal deve a si próprio, pelo que muitos analistas privilegiam a dívida total detida pelo público quando avaliam as finanças governamentais.

Este montante é inferior – está quantificado em 26,9 biliões de dólares, o que praticamente equivale ao produto interno bruto (PIB) dos EUA.

Em junho, a CBO estimou, nas suas projeções a 30 anos, que a dívida pública atingiria um nível recorde de 181% do PIB em 2053.

Em termos de impacto imediato, esta dívida parece não estar a pesar na economia norte-americana, uma vez que os investidores continuam a emprestar dinheiro ao governo. Isto permite o financiamento governamental sem aumento de impostos.

Quando a situação se pode tornar problemática é a pergunta que todos se fazem, avançou Shai Akabas, diretor de política económica no Centro de Política Bipartidária, “mas, se e quando acontecer, isso pode implicar consequências muito significativas que podem ocorrer muito depressa”.

Na sua análise, “isto pode significar aumentos acentuados da taxa de juro, uma recessão que cause muito desemprego, pode levar a picos de inflação ou comportamentos inesperados dos preços”.

Face a este problema, republicanos e democratas diferem quanto ao que fazer para reduzir a dívida.

O governo de Biden tem insistido no aumento de impostos sobre os ricos e empresas. O presidente democrata já aumentou o orçamento para os serviços tributários (IRS, na sigla em Inglês), para que consigam cobrar impostos não pagos e eventualmente reduzir a dívida em centenas de milhares de milhões de dólares em 10 anos.

Já os republicanos preferem cortes nas despesas não relacionadas com a Defesa, a anulação do programa de investimentos em energia limpa, o fim do financiamento do IRS e mais cortes de impostos, o que pode redundar no agravamento da 2dívida.

Como Akabas resumiu a situação, “há uma preocupação crescente entre os investidores e agências de notação financeira quanto à insustentabilidade da trajetória em que se está – quando isto se vai tornar em uma situação catastrófica, é o que todos perguntam”.

Últimas de Economia

O valor médio para arrendar um quarto em Lisboa ou no Porto ultrapassa metade do salário mínimo nacional. Perante a escalada dos preços e orçamentos familiares cada vez mais apertados, multiplicam-se as soluções alternativas de pousadas a conventos, para quem procura um teto a preços mais acessíveis.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que Portugal deve optar por reduzir as isenções fiscais e melhorar a eficiência da despesa pública para manter o equilíbrio orçamental em 2026, devido ao impacto das descidas do IRS e IRC.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai pedir um reforço em 250 milhões de euros da garantia pública a que pode aceder para crédito à habitação para jovens, disse hoje o presidente executivo em conferência de imprensa.
O índice de preços dos óleos vegetais da FAO foi o único a registar um aumento em outubro, contrariando a tendência de descida generalizada nos mercados internacionais de bens alimentares. O indicador subiu 0,9% face a setembro, atingindo o nível mais elevado desde julho de 2022, segundo o relatório mensal divulgado pela organização.
Apesar de o número total de empresas criadas em Portugal até setembro ter aumentado 3,7% face ao mesmo período de 2024, mais 1.636 novas constituições, atingindo o valor mais elevado dos últimos 20 anos, os dados do Barómetro da Informa D&B revelam sinais de desaceleração em vários setores e regiões do país.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,8% em setembro, face ao mesmo mês de 2024, com a mão-de-obra a subir 8,8% e os materiais 1,4%, segundo dados do INE hoje divulgados.
A ministra do Trabalho afirmou hoje, no parlamento, que as pensões mais baixas deverão ter um aumento de 2,79% em 2026 e que a atribuição de um suplemento extraordinário dependerá da folga orçamental.
A EDP prevê investir cerca de 2,5 mil milhões de euros em Portugal no período 2026-2028, dos quais 1.700 milhões em redes de eletricidade, anunciou hoje o presidente executivo do grupo, Miguel Stilwell d’Andrade.
O Banco da Inglaterra decidiu hoje manter as taxas diretoras em 4%, o nível mais baixo em mais de dois anos, ao avaliar que as pressões inflacionistas persistem na economia britânica.
A presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP) alertou hoje que a perceção de risco da República francesa pode vir a contagiar uma economia como a portuguesa, pelo que não se deve estar "relaxado" face à situação orçamental.