Num balanço sobre a sua visita de dois dias a província do Huambo, divulgado hoje na página do Centro de Imprensa da presidência, João Lourenço questionado sobre as interferências no trabalho dos jornalistas, assinalou que o jornalismo angolano “está a crescer e a cumprir com o papel que lhe cabe”.
“No tempo do partido único, o jornalismo praticado naquela altura era bem diferente daquele que é praticado hoje. Hoje existe liberdade de imprensa, não é só o Estado quem é detentor de empresas de comunicação social; o setor privado também está neste nicho de mercado”, afirmou.
Disse ainda que o Estado tem feito grandes investimentos na comunicação social, mas no setor privado são os acionistas que devem fazer os investimentos necessários.
“A comunicação social privada não deixa de ser um negócio – e por sinal rentável, pelo menos noutras partes do mundo -, e aqui não deve ser diferente. Então, os acionistas é que têm de se preocupar em fazer os investimentos que se impõem no seu próprio negócio”, frisou.
A Human Rights Watch apontou no seu relatório mais recente, divulgado esta semana, restrições à liberdade de imprensa e criticou as autoridades pelas leis “draconianas” para reprimir e intimidar jornalistas.
Abordou também o tema do turismo considerando que nem o mau estado das estradas nem a desvalorização da moeda constituem impedimentos.
“Nós já fizemos turismo em outros países e andámos em estradas esburacadas. Há turistas que preferem ficar na praia, há turistas que preferem ficar nas grandes cidades, em hotéis de cinco estrelas, mas também há turistas que gostam de apanhar poeira, chuva, lama. Portanto, o estado das picadas acaba até por ser desafiador. Para o turista que gosta de aventura, o estado das vias, das picadas e das estradas de terra batida, não constitui problema”, salientou o chefe de Estado angolano.
Quanto à desvalorização do kwanza, que sofreu uma acentuada queda no ano passado, João Lourenço disse que “não há nenhuma moeda no mundo que é 100 por cento estável”.
“Já lá vai o tempo do socialismo, em que alguns países tinham uma taxa de câmbio fixa. Eram taxas de câmbio que não eram realistas. Angola foi um dos casos”, prosseguiu o Presidente, acrescentando que a taxa de câmbio fixa que se praticou durante décadas em Angola também não era boa para a economia.
“Não vale a pena pensarmos que, neste exato momento em que o kwanza está mais fraco em relação ao dólar, que seja uma desgraça para a economia de Angola, nem é impedimento para que os turistas passem a vir para Angola”, considerou.
Lembrou que, no que diz respeito ao turismo, as responsabilidades são repartidas entre o Estado e os privados, pertencendo ao executivo decisões como a isenção de vistos para 98 países, tomada no ano passado, e ao setor privado a decisão dos investimentos.
Falou ainda sobre a formação e a educação, apontando o papel das igrejas nas instituições de ensino, que considerou como “verdadeiros parceiros do Estado”.