“Cinquenta e sete deputados, isso é que é um bom resultado. Um resultado matematicamente realista, podemos estar a falar entre quatro a sete deputados, talvez até oito”, afirmou o líder regional do CHEGA, José Pacheco, em declarações aos jornalistas, à margem de uma arruada, em Angra do Heroísmo.
No primeiro dia de campanha, José Pacheco, atual deputado e cabeça de lista pelos círculos eleitorais de São Miguel e da compensação, saiu à rua na ilha Terceira, acompanhado pelo líder nacional do partido, André Ventura, distribuindo canetas e panfletos.
Num domingo à tarde, com poucas pessoas na rua, várias cumprimentaram os dirigentes do CHEGA e até pediram fotografias com André Ventura, mas também houve quem não poupasse nas críticas.
“Quando passar março, já não conhece os Açores”, atirou um homem sentado numa esplanada, dirigindo-se a André Ventura, que respondeu que tem vindo à região “mesmo fora das eleições”.
Questionado sobre se conhecia o deputado dos Açores, o homem disse que o via “sempre a discutir”, mas não sobre “as coisas certas”.
“Vocês são todos iguais. [Estive] três horas à espera de uma ambulância”, afirmou, acrescentando que “ninguém fala na Saúde”.
José Pacheco ainda lembrou que o partido propôs um Cheque Saúde, mas não conseguiu convencer o eleitor.
Em declarações aos jornalistas, antes do contacto com a população, o líder regional do CHEGA disse que há “contrainformação” nas ruas sobre a culpa do partido no chumbo do orçamento da região para 2024, mas que a maioria das pessoas percebe o que se passou.
“Se há partido que menos culpa tem nesta situação toda é o CHEGA e eu explico porquê. Nós abstivemo-nos, nem votámos contra, primeiro ponto. Segundo ponto, na mesma altura, dissemos que estávamos disponíveis para um segundo orçamento, que seria agora em fevereiro”, apontou.
José Pacheco disse que teve várias reuniões com o líder do PSD/Açores e presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, e que havia abertura para negociar um segundo orçamento.
“Só conversámos com o PSD, não admito falar com os outros partidos”, acrescentou.
Já André Ventura lançou o repto ao PSD para que esclareça, antes das eleições, se admite viabilizar um governo do PS.
“Se, como as sondagens mostram, o CHEGA deve crescer e podemos ter novamente o PS a crescer, se há três ‘players’ regionais, o PS, o PSD e o CHEGA, é importante dizer o que é que o PSD vai fazer caso haja uma maioria à direita entre PSD e Chega, mas o PS tenha mais um voto do que o PSD. Vai deixar o PS governar?”, questionou.
O Presidente da República decidiu dissolver o parlamento açoriano e marcar eleições antecipadas após o chumbo do Orçamento.
Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, CHEGA, BE, PS, JPP e Livre.
Em 2020, o PS venceu, mas perdeu a maioria absoluta, surgindo a coligação pós-eleitoral de direita, suportada por uma maioria de 29 deputados após assinar acordos de incidência parlamentar com o CHEGA e a IL (que o rompeu em 2023). PS, BE e PAN tiveram, no total, 28 mandatos.