“Quero acreditar que, como nunca tivemos na agenda mediática uma discussão tão alargada e tão profunda sobre o sistema de segurança interna e as forças de segurança, que seja desta, de uma vez por todas, que haja respaldo relativamente às promessas e ideias. Têm que ter consequência e quero acreditar que, a breve trecho, vejamos a luz ao fundo do túnel”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP).
Bruno Pereira falava aos jornalistas à saída de uma reunião pedida pela plataforma, composta por sete sindicatos da PSP e quatro associações da GNR, com representantes do PS, PSD, CDS, CHEGA, BE, PCP, PAN e Livre.
O encontro realizou-se dois dias após uma manifestação, que juntou milhares de elementos daquelas forças de segurança em Lisboa, a mais visível dos protestos realizados nas últimas semanas para exigir um suplemento de missão idêntico ao que foi atribuído à PJ.
Apesar de considerar a reunião “bastante esclarecedora”, Bruno Pereira adiantou que os protestos previstos vão manter-se, porque não houve, da parte dos partidos políticos, uma “vinculação política assumida”.
A plataforma tem, para já, agendada para 31 de janeiro uma manifestação no Porto.
“Iremos manter para dar reforço e dar lastro a esta discussão, porque é uma discussão importante que tem de ser tida e tem de ser conseguida ao mais alto nível”, sublinhou.
Ainda assim, reconhece que, da esquerda à direita, as reivindicações dos elementos da PSP e GNR foram reconhecidas e recebidas com solidariedade, e mostrou um otimismo contido em relação ao futuro, após as eleições legislativas, marcadas para 10 de março.
“Acreditamos que (a reunião) tenha sido extremamente importante para que, de forma alargada e histórica — tenho ideia de nunca ter acontecido — os partidos saiam daqui mais vinculados e compromissados com aquilo que devem fazer para valorizar a condição policial e igualá-la, no caso concreto com o suplemento de missão da PJ”, sublinhou.
A propósito da posição do Governo, o presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP reafirmou que, apesar de estar em gestão, o executivo poderia resolver a situação, “bastando que haja vontade”.
Esse entendimento foi, aliás, partilhado pela maioria dos representantes dos partidos. Em declarações aos jornalistas, Teresa Morais, do PSD e em representação da AD, Pedro Pinto, do CHEGA, António Filipe, do PCP, e Pedro Fidalgo Marques, do PAN, concordaram que há condições políticas para, pelo menos, dar resposta no que respeita à atribuição do suplemento de missão.
Pela tutela, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, tem justificado que, estando em gestão, o Governo não tem condições para avançar com a medida exigida.
Além do suplemento de missão, os representantes da AD, Chega, PCP e PAN prometeram inscrever nos seus programas eleitorais medidas de valorização das forças de segurança, sem especificarem.
Além da reunião de hoje, em que participou a socialista Isabel Moreira, o PS marcou para segunda-feira uma reunião em que a plataforma deverá ser recebida pelo secretário-geral do partido e candidato a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos.