Camiões portugueses retidos em França devido aos bloqueios dos agricultores

Vários camiões portugueses estão retidos em toda a França, há uma semana, devido aos bloqueios de agricultores franceses, disse à Lusa o porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM).

© D.R.

“Não conseguimos quantificar, mas há muitos camionistas portugueses retidos devido ao bloqueio dos agricultores em França. Neste momento a situação é muito preocupante, não apenas por ser uma situação que se arrasta há vários dias, mas porque não há visibilidade sobre quando poderá terminar”, disse André Matias de Almeida.

Os agricultores franceses estão a bloquear várias estradas no país para denunciar, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira, e pretendem realizar um “cerco à capital [Paris] por tempo indeterminado”, a partir da tarde de hoje.

“A afetação quer das vias na sua circulação quer nas entradas para outras vias que poderiam ser alternativas às autoestradas encontram-se bloqueadas. Hoje (…) temos cerca de 20 autoestradas bloqueadas em toda a França, o que tem afetado muito a importação e exportação das empresas portuguesas”, contou o porta-voz da ANTRAM.

O porta-voz da ANTRAM sublinhou que, para já, ainda não há problemas no abastecimento de bens de primeira necessidade, mas desta vez as empresas portuguesas estão a ser muito afetadas.

De acordo com André Matias de Almeida, não tem sido possível contornar estes bloqueios dos agricultores.

“Hoje há um decreto legislativo francês que vem levantar restrições na circulação dos veículos, mas permitindo apenas que possam regressar ao local de origem, à empresa mãe, ou concluir o trajeto que estiver mais perto do destino, o que significa que há uma afetação clara do que é o mercado de abastecimento”, disse.

André Matias de Almeida lembrou que as empresas portuguesas não foram tão afetadas quando há uns meses em Espanha houve um protesto de camionistas.

“Mesmo em Espanha aquilo que nos recordamos há uns meses atrás com protestos de camionistas, desta vez não são camionistas, mas é um protesto similar, não houve paralelo com o que está a acontecer em França, não apenas pela dimensão que atinge, mas pelo número de dias que em que se mantém. Temos um país bloqueado”, contou.

André Matias de Almeida disse ainda à Lusa que a ANTRAM está em permanente contacto com a congénere francesa, fazendo atualizações à hora para os mais de dois mil associados.

Há dias que os agricultores franceses utilizam os seus tratores para bloquear as estradas e abrandar o trânsito em toda a França, em busca de uma melhor remuneração para os seus produtos, menos burocracia e proteção contra as importações.

Na sexta-feira, o Governo anunciou uma série de medidas que, segundo os agricultores, não satisfazem plenamente as suas reivindicações, que incluem a “simplificação drástica” de certos procedimentos técnicos e o fim progressivo dos impostos sobre o gasóleo para os veículos agrícolas.

Entretanto, o governo francês prometeu hoje apresentar, no prazo de 48 horas, novas medidas a favor dos agricultores e anunciou que pretende renegociar o fim do pousio obrigatório na cimeira da União Europeia (UE) marcada para quinta-feira.

Últimas de Economia

O esclarecimento surge depois de esta manhã o Ministério do Trabalho ter indicado que os aumentos das pensões para o próximo ano só seriam pagos a partir de fevereiro "e com retroativos a janeiro".
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP recomprou 900 milhões de euros de dívida pública, num nível de “excesso de liquidez da tesouraria do Estado”, segundo foi hoje anunciado.
O valor do indexante dos apoios sociais (IAS) para o ano de 2026 é de 537,13 euros, de acordo com uma portaria publicada hoje em Diário da República.
O número de trabalhadores em ‘lay-off’ aumentou 19,2% em novembro, em termos homólogos, e aumentou 37,3% face a outubro, para 7.510, atingindo o número mais elevado desde janeiro, segundo dados da Segurança Social.
A Autoridade da Concorrência (AdC) vai intensificar em 2026 o combate a cartéis, com especial enfoque na contratação pública, segundo as prioridades de política de concorrência hoje divulgadas.
O valor médio da construção por metro quadrado que é tido em conta no cálculo do IMI vai subir 38 euros em 2026, passando dos actuais 532 euros para 570, segundo uma portaria hoje publicada em Diário da República.
O Presidente da República prometeu hoje o fim da taxa sobre empresas produtoras de energia elétrica e disse que espera que “garanta mesmo tratamento mais favorável para os contribuintes”.
O índice de preços da habitação aumentou 17,7% no terceiro trimestre, acelerando 0,5 pontos percentuais face aos três meses anteriores, tendo sido transacionados 10,5 mil milhões de euros, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O valor mediano de avaliação bancária na habitação foi de 2.060 euros por metro quadrado em novembro, um novo máximo histórico e mais 18,4% do que período homólogo 2024, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística.
Arrendamentos não declarados, dados incompletos e cruzamentos que falham. A Autoridade Tributária detetou milhares de casos com indícios de rendimentos imobiliários omitidos, num universo onde o arrendamento não declarado continua a escapar ao controlo do Estado.