José Pacheco, que é cabeça de lista pelos círculos de São Miguel e da compensação nas eleições de domingo, referiu que o líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro — ex-presidente do Governo Regional e também candidato – “todos os dias fala no CHEGA”.
Em tom irónico, discursando num jantar com militantes em Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, o dirigente disse que o orçamento da campanha não é muito grande, mas permite dispensar um contributo socialista.
“Vasco Cordeiro, nós não precisamos da publicidade do PS, nós temos o nosso dinheiro, nós fazemos. Esqueça-nos, não fale no CHEGA todos os dias. Não é isso que lhe vai dar votos”, avisou.
O presidente do PS/Açores tem reiterado na campanha estar convencido da existência de um acordo entre a coligação PSD/CDS-PP/PPM, no poder desde 2020, e o CHEGA, que assinou então um entendimento parlamentar para contribuir para uma maioria absoluta à direita.
Este ano, o líder do CHEGA, André Ventura, reconheceu que a ambição nestas regionais é formar um governo à direita, desde que a coligação assuma compromissos. O líder da estrutura regional do PSD, José Manuel Bolieiro, que governa o executivo e é novamente candidato, disse, contudo, que não faz parte do seu “cenário” integrar o partido de Ventura num futuro Governo Regional.
“Nós dizemos com quem é que fizemos um acordo ou quem participou. Estava lá o Shrek, estava lá o Rato Mickey, estava lá uma data de gente”, ironizou novamente José Pacheco, para acrescentar que as suas alianças são com os idosos, os jovens ou os trabalhadores.
“Nós não temos qualquer acordo que não seja com vocês, com o povo açoriano”, declarou.
Também presente no jantar, André Ventura — candidato às legislativas nacionais de 10 de março – sublinhou que o país precisa de mudança, inclusive devido à corrupção instalada em instituições públicas, e que não se surpreendeu, por exemplo, com a investigação judicial que levou na semana passada à detenção do presidente do Governo da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque.
Ventura falou aos militantes e simpatizantes de questões sobre as quais já se pronunciou noutras ocasiões, como os custos do Imposto Municipal sobre Imóveis — “um imposto absolutamente estúpido” — ou a falta de atribuição do complemento já dado à PJ a outras forças de segurança, como tem sido reivindicado pelos profissionais do setor.
O dirigente disse ainda que os Açores têm uma importância especial para o partido, porque foi na região que o seu crescimento ficou evidente, após a eleição de um deputado para a Assembleia da República em 2019: “Eis que surgiram as primeiras eleições a seguir a 2019, foram precisamente as legislativas regionais dos Açores. Os comentadores diziam todos ‘agora é que se vai ver como o CHEGA vai desaparecer’ […]. Não só fizemos a eleição de um deputado, como fizemos de um grupo parlamentar.”
O CHEGA elegeu em 2020 dois deputados para a Assembleia Legislativa das nove ilhas, entre eles José Pacheco. Meses depois, o outro eleito, Carlos Furtado, que era então o coordenador regional do partido, tornou-se independente, em rutura com a estrutura nacional.
Carlos Furtado é agora cabeça de lista pelo JPP, partido nascido na Madeira e estreante em eleições açorianas.
O Presidente da República decidiu dissolver o parlamento açoriano e marcar eleições antecipadas para 04 de fevereiro após o chumbo do Orçamento para este ano. Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM, ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, CHEGA, BE, PS, JPP e Livre.